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Gilmar Mendes diz que Lava Jato “demonizou o poder para apoderar-se dele”

"Tudo convergia para um propósito claro", afirma o ministro. Pivôs da operação, Moro e Dallagnol devem se lançar à política

Gilmar Mendes diz que Lava Jato “demonizou o poder para apoderar-se dele”

Em uma entrevista ao UOL após o vazamento das conversas de Moro com procuradores, Mendes também afirmou que a força-tarefa era um “esquadrão da morte”.

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira (5), sem citar diretamente a operação, que alerta “há anos” para a politização da Lava Jato, desmascarada após o ex-juiz Sergio Moro ser considerado suspeito nas ações que envolviam o ex-presidente Lula.

Segundo ele, com a filiação de Moro no Podemos e o anúncio de que Deltan Dallagnol deixou o Ministério Público Federal para disputar algum cargo nas eleições de 2022, é evidente que “demonizou-se o poder para apoderar-se dele”.

“Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta”, escreveu Mendes em publicação no Twitter.

Crítico da Operação, o ministro já chegou a dizer que foi o “maior escândalo judicial da nossa história”. A afirmação foi feita, inclusive, durante a sessão da Corte que declarou a suspeição de Moro por quebra de imparcialidade na atuação de processos contra Lula.

Em uma entrevista ao UOL após o vazamento das conversas de Moro com procuradores, Mendes também afirmou que a força-tarefa era um “esquadrão da morte”.

“Independentemente disso, temos que fazer consertos, reparos, para que isso não mais se repita, não se monte mais esse tipo de esquadrão da morte. Porque o que se instalou em Curitiba era um grupo de esquadrão da morte, totalmente fora dos parâmetros legais”, disse na ocasião.

Deltan Dallagnol anunciou nesta quinta-feira (4) que irá abandonar o Ministério Público para buscar um cargo eletivo na política. O procurador deve tentar uma vaga na Câmara dos Deputados.

Ele ainda não informou se irá, de fato, entrar no Podemos, mas a proximidade com Moro indica que irá por esse caminho. O partido irá filiar o ex-juiz na próxima semana. Ainda não está certo se ele concorrerá à Presidência ou a uma vaga no Senado.

Apesar de atuarem em funções distintas, mensagens interceptadas indicam que Moro e Dallagnol colaboraram de forma ilegal entre si durante a Lava Jato com o objetivo de condenar o ex-presidente Lula e outras figuras políticas.