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“O erro foi usar nazismo como exemplo”, diz ex-MBL Fernando Holiday

“Nazismo por si só já é incitação ao crime contra judeus. O erro dele foi usar nazismo como exemplo”, acrescentou.

“O erro foi usar nazismo como exemplo”, diz ex-MBL Fernando Holiday

“Tenho posicionamento parecido, de que criminalizar opiniões é um erro. Porém, você tem que criminalizar qualquer tipo de incitação ao crime ou incitação ao ódio”

Ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), o vereador Fernando Holiday (Novo-SP), de 25 anos, afirma que o “erro” do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) foi usar o nazismo como exemplo para defender a liberdade de expressão.

Kataguiri, que é um dos expoentes do MBL, disse no podcast Flow que o nazismo não deveria ser criminalizado na Alemanha. O deputado, assim como um dos apresentadores do programa, Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal pela possível prática de crime de apologia ao nazismo.

“Tenho posicionamento parecido, de que criminalizar opiniões é um erro. Porém, você tem que criminalizar qualquer tipo de incitação ao crime ou incitação ao ódio”, afirmou Holiday em entrevista ao Metrópoles.

“Nazismo por si só já é incitação ao crime contra judeus. O erro dele foi usar nazismo como exemplo”, acrescentou.

Na conversa com a reportagem, Holiday também falou sobre as eleições presidenciais. Ele defende a candidatura de Sergio Moro (Podemos) e avalia que, além do ex-juiz, não existem alternativas com chance de “furar a polarização entre Lula e Bolsonaro”.

“Não enxergo nenhuma outra figura com essa capacidade de furar a bolha”, afirmou.

Qual a sua opinião sobre Kim ter dito que era errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo?

Entendi o que ele quis dizer. Tenho posicionamento parecido, de que criminalizar opiniões é um erro. Porém, você tem que criminalizar qualquer tipo de incitação ao crime ou incitação ao ódio. Nazismo por si só já é incitação ao crime contra judeus. O erro dele foi usar nazismo como exemplo. Criminalização da opinião não é saudável, mas não é o caso do nazismo, que por si só é crime.

Sobre a disputa presidencial, o senhor já defendeu que o Novo renuncie a uma candidatura própria para apoiar Moro. Mantém essa posição?

Neste momento, é importante manter a candidatura do Luiz Felipe Dávila, porque ele é o melhor candidato. Ele tem propostas inovadoras que vão ser apresentadas. É importante ter uma candidatura como maneira de apresentar propostas e defendê-las, e para que isso se torne ferramenta de negociação com outra candidatura lá na frente, seja Moro ou outro candidato. Mas não vejo outro candidato.

Ainda defendo e acredito que o melhor caminho seria a união [com o ex-juiz] lá na frente. Moro ainda não detalhou suas propostas. Nenhuma candidatura detalhou. Tenho receio de que o Novo se alie muito cedo e lá na frente tenha que lidar com propostas que não acreditamos. É um risco.

Na sua avaliação, há chances concretas de a candidatura de Moro deslanchar?

Pelo cenário que tem hoje, está difícil ele deslanchar, mas Moro é a única candidatura de terceira via com potencial de furar a polarização entre [o ex-presidente] Lula e [o presidente Jair] Bolsonaro. Não enxergo nenhuma outra figura com essa capacidade de furar a bolha.

Por qual caminho o Novo apoiaria Moro?

Um dos caminhos essenciais é ter isso no papel. O que mais se vê na política são negociações de boca a boca. O Novo deveria colocar no papel de forma bem objetiva aquilo que a gente defende para o próximo governo e trabalhar para ver se Moro aceitaria essas condições.

Não acho que deveríamos indicar alguém para um ministério. Mas se tivermos um quadro que o Moro uma vez eleito queira no governo, não acho que deva proibir de participar do governo.

Por que o senhor foi contrário ao impeachment de Bolsonaro?

No início do ano passado, eu tinha dúvidas se impeachment do Bolsonaro era um crime. Mas a meu ver, esse crime se consolidou ao longo do ano conforme foram revelados vários fatos pela CPI da Covid. Em setembro, participei de manifestação contra Bolsonaro e defendo seu impeachment.

Mas este ano acho que é descabida essa discussão, porque a eleição já está logo aí. Hoje me enxergo como oposição ao Bolsonaro, que se encaixa numa parcela que votou no governo Bolsonaro, essas pessoas tiveram esperança e se decepcionaram por uma série de motivos.

Qual tamanho factível de uma bancada na Câmara eleita pelo Novo no ano que vem?

Como teremos candidato a governador em São Paulo, participando de debates, coisa que não tivemos em 2018, acho que podemos trabalhar com o número de 13 a 15 deputados federais. Como temos oito deputados hoje, seria um crescimento razoável.

Como o eleitor vai saber diferenciar o Novo do Podemos, com uma briga mais acirrada por votos no lado conservador?

Vejo 2018 como pico de uma onda. Acho que agora é a queda da onda e vai levar não à derrocada da direita, mas a uma certa estabilidade. Nesse cenário de estabilidade da direita, vão se sobressair aqueles partidos e figuras que tiveram maior qualidade em seu trabalho.

Como o Novo poderia ir além de seu eleitorado tradicional e tentar votos de jovens e evangélicos?

O Novo realmente tem um eleitorado com faixa etária mais alta, o pessoal acima dos 35 anos, que são eleitores e filiados. Mas isso vai se diluindo conforme tivermos candidatos mais jovens e ligados às mais diferentes áreas. Acho que minha pré-candidatura a deputado federal representa um pouco disso, porque não vou disputar tanto com um eleitor que já é clássico do Novo. Conforme você vai diversificando as candidaturas, vai diversificando o seu público, mesmo que não eleja as pessoas.