O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), responsável por intermediar a ligação de Jair Bolsonaro com os irmãos do guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR) assassinado pelo bolsonarista Jorge Guaranho no último sábado (9), já ameaçou receber “na bala” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso ele ou seus apoiadores fossem à sua residência no Rio de Janeiro.
A ameaça do parlamentar foi feita em abril, após Lula afirmar que manifestações realizadas em frente do Congresso Nacional “não movem uma pestana de um deputado” e sugerir que os atos fossem feitos na frente das casas dos parlamentares. “Não venha tentar visitar minha casa, porque vai ser na bala”, disse o bolsonarista na ocasião, durante um discurso na tribuna da Câmara dos Deputados.
A ligação de Bolsonaro para os irmãos de Marcelo Arruda – que são apoiadores do atual governo – aconteceu na tarde da terça-feira (13). Na chamada de vídeo, Bolsonaro tentou se distanciar da reponsabilidade de insuflar a violência por parte de seus seguidores contra adversários e buscar ganhos políticos com a iniciativa ao afirmar que estão querendo colocar o caso “no seu colo”. Ele também não se solidarizou com os familiares.
“A ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade, não é a esquerda ou a direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo”, disse Bolsonaro durante a ligação intermediada por Otoni.
“A ideia é ter uma coletiva com a imprensa para vocês falarem a verdade, não é a esquerda ou a direita. A imprensa está tentando desgastar o meu governo”, disse Bolsonaro durante a ligação intermediada por Otoni.
“Os irmãos de Marcelo não estavam na festa, como eles podem ter concordado com o que o presidente falou?”, questionou Pamela Silva, a mulher do petista que foi morto em Foz do Iguaçu . “Sabíamos que eles apoiavam o presidente, mas não imaginei que chegasse a esse ponto de eles deturparem a real história, dizer que o cara não foi por motivos políticos lá”, completou.
Para lembrar
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), rebateu no dia 6 de abril uma fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual ele disse que militantes deveriam ir até os endereços de parlamentares e ‘incomodar’ os familiares. Otoni sugeriu que “os vagabundos” levassem “bala”.
“No Rio de Janeiro, a gente tem método de tratar bandido. Lá é na bala. Se visitar minha casa vai ser na bala, está me ouvindo? Na bala, seus vagabundos”, disse no plenário da Câmara.
O deputado afirmou que o “‘Luladrão’ tem agora um método para que essa Casa se curve a seus interesses. O novo método é pegar seus quadrilheiros e dar o endereço da casa dos deputados para que os sindicalistas possam ir na nossa casa”.
Mais cedo, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apresentou hoje notícia-crime contra o petista por essa fala. A parlamentar disse que autorizou a mãe “a pegar pistola e meter o chumbo”, caso alguém apareça em seu endereço.
“E digo uma coisa para vocês, militância: Lula está colocando vocês em uma área de insegurança, porque ele adora fazer política em cima de caixão. Fez em cima da esposa dele. A esposa dele no caixão, e ele fazendo discurso. O que dirá em cima de vocês. Tomem muito cuidado”, completou.
Ontem, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) publicou um vídeo em suas redes sociais em que carrega uma arma com cartucho enquanto afirma estar pronto para receber o ex-presidente em sua casa.