Desde os anos 90, quando ingressou na política, até os dias de hoje, o presidente Jair Bolsonaro (PL), além de seus irmãos e filhos, negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram comprados total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declarações dos próprios familiares.
Foram registrados em cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, o valor equivale hoje a R$ 25,6 milhões.
Não consta nos documentos de compra e venda a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram valores de R$ 986 mil (ou R$ 1,99 milhão em valores corrigidos). Transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA).
Pelo menos 25 dos imóveis foram comprados em situações que suscitaram investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal. Entre os imóveis comprados com dinheiro vivo pela família, estão lojas, terrenos e casas diversas.
Os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, além de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro, são investigados desde 2018, por suspeita de envolvimento com o repasse ilegal de salários dos funcionários de gabinetes, o esquema conhecido como “rachadinha”.
Os assessores, quase todos funcionários fantasmas, sacavam em espécie os salários e entregavam a operadores cerca de 90% do total recebido.
As investigações do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sobre o senador Flávio Bolsonaro descobriram que esses valores eram “lavados” posteriormente com compras de imóveis. Parte de provas produzidas durante a apuração foram anuladas recentemente, mas as investigações continuam em curso. No caso de Carlos, o sigilo bancário foi quebrado por indícios semelhantes.