O pedido da PF foi realizado a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que apura esquemas de lavagem de dinheiro. Segundo o documento da corporação, houve “transações atípicas” durante a compra da mansão
A Polícia Federal abriu, nesta quarta-feira (31), segundo o jornal O Globo, investigação sobre a compra de uma mansão por Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL) e candidata a deputada distrital pelo PP, em uma área nobre de Brasília. Ela é acusada de lavagem de dinheiro.
Embora Cristina tenha declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser a atual dona do imóvel, o nome dela não consta nas certidões da casa. Em meados de junho de 2021, a ex de Bolsonaro disse que apenas alugava a a casa por R$ 8 mil por mês, valor parecido com o salário bruto de R$ 8,1 mil que ganhava como assessora da deputada Celina Leão (PP-DF).
O pedido da PF foi realizado a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que apura esquemas de lavagem de dinheiro. Segundo o documento da corporação, houve “transações atípicas” durante a compra da mansão, que seria “aparentemente incompatível com o exercício da função pública de assessora parlamentar” e teria sido feita “por meio de pessoa interposta”.
A defesa de Ana Cristina disse ao jornal O Globo que não tem conhecimento do fato.
De acordo com os investigadores, a transação feita pela candidata demonstra “possível dissimulação da propriedade do bem imóvel adquirido”, o que pode corresponder ao crime de lavagem de dinheiro. A Polícia Federal diz ainda que “há indícios da utilização de terceira pessoa interposta para obtenção de financiamento imobiliário” e que “tal conduta possui alcance típico de delito contra o sistema financeiro”.
Segundo a escritura do imóvel, o ex-proprietário da mansão, Geraldo Antônio Machado, tinha comprado a casa por R$ 2,9 milhões, dias antes de Cristina se mudar. Na época, corretores avaliavam a casa em R$ 3,2 milhões. Na época, o então comprador morava em uma casa modesta em Vicente Pires, cidade satélite localizada a cerca de 30 km da propriedade.
Pouco mais de um ano depois, ela declarou à Justiça Eleitoral que o mesmo imóvel comprado por Geraldo Machado por R$ 2,9 milhões era agora de propriedade dela e valeria R$ 829 mil.
