Por Ademir Ramos (*) – Na democracia, as eleições são instituições capazes de mobilizar forças para garantir a continuidade de um determinado projeto político ou, quem sabe, desautorizar os atores políticos quanto à sua representação popular à frente do governo ou do parlamento do Estado ou da Nação.
O motor destas ações origina-se da vontade popular – da maioria – a ganhar corpo de forma estruturante no entorno de um determinado candidato movido por propostas e projetos submetidos a julgamento popular nas urnas.
O grito desta gente às vezes é silencioso, envergonhado ou uníssono dando um basta a mesmice, a indiferença, a estupidez dos aloprados, que, por sua vez, quando eleitos se apropriam dos instrumentos de estado para proveito próprio, amealhando bens e riqueza, enquanto isso, o povo sem pão, trabalho e renda é excluído socialmente marcado pela fome e desalento.
As urnas são caixas de ressonâncias que gritam a vontade geral contra o desgoverno ou a favor de um novo ordenamento sob a direção política e moral de um mandatário justo e humano pronto a cumprir e responder as demandas da nossa gente.
No Amazonas, a indignação pode vir das urnas pelas vidas que foram ceifadas na pandemia, na fila da morte dos hospitais, a falta de moradia, a insegurança, o desemprego seguido do abandono social e a violação dos direitos fundamentais das famílias do Amazonas. O governo atual, necessariamente, deve responder por todos esses males.
As pesquisas dão conta que estas eleições serão decididas no segundo turno entre Wilson Lima e Amazonino Mendes, cabendo as eleitoras e eleitores o julgamento final nas urnas.
De qualquer modo, a decisão do eleitor no Amazonas sofrerá sem dúvida as influências da disputa entre Lula e Bolsonaro para Presidência da República. Se a vantagem do Lula for esmagadora o ânimo dos bolsonaristas pode esmorecer. O fato é que o segundo turno no Amazonas muda sensivelmente, os especialistas, por sua vez, vão conferir e analisar se a rejeição de Wilson Lima aumentou ou diminuiu. Da mesma maneira, analisa-se também se a condição de réu do governador Wilson Lima afeta na qualidade do voto? Como também se Eduardo Braga transfere voto ao Amazonino? E qual será o engajamento do Omar Aziz no segundo turno e dos demais candidatos eleitos?
Quanto às estratégias das candidaturas devemos ficar atentos, em atenção à capital e o interior mediado pelo apoio dos prefeitos. Vamos avaliar se o desempenho do Amazonino vai depender de seu deslocamento para os municípios ou esta missão será compartilhada com Eduardo Braga, Humberto Michiles, entre outros aliados?
Nesta conjuntura somos tomados por mais indagações do que respostas deixando que o povo com indignação e coragem faça a soberana justiça nas urnas confirmando o melhor para o Amazonas.
(*) É professor, antropólogo e coordenador do Projeto Jaraqui e do Núcleo de Cultura Política do Amazonas vinculado ao Departamento. de Ciências Sociais da UFAM.