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De volta ao Vale do Javari após ação federal Beto Marubo lembra trajetória de Bruno na região

Defensor da legalização do uso de armas por agentes credenciados da Funai nos mesmos padrões do Ibama, Beto, em entrevista concedida à Agência Brasil, fala do clima de intranquilidade vivido pelos povos originários da região, das ameaças, do assassinato de

De volta ao Vale do Javari após ação federal Beto Marubo lembra trajetória de Bruno na região

Nascido na aldeia Maronal, sul do Vale do Javari, em 1976, Beto Marubo, representante da Univaja em Brasília, está de volta para Atalaia do Norte,

Nascido na aldeia Maronal, sul do Vale do Javari, em 1976, Beto Marubo, representante da Univaja em Brasília, está de volta para Atalaia do Norte, município que concentra a maior quantidade de tribos isolados do país.

Desde junho de 2022, quando foram encontrados os restos mortais do Dom e do Bruno, ele disse que foi aconselhado pelas autoridades policiais a deixar região por falta de recurso e condição da estrutura do estado para garantir a sua segurança.

Hoje, segundo ele, com a garantia de proteção do Ministério da Justiça, está indo para a base do Ituí e de retorno para Atalaia do Norte.

Sobre o indigenista Bruno, ele disse que o indigenista sempre se destacou na sua atividades, que era uma pessoa empenhada, um cara que queria, estudava, e foi um dos servidores que se destacavam na época.

Bruno, segundo ele, foi foi treinado e levado para a terra indígena, onde aprendeu línguas e conviveu com diferentes povos em uma área desconhecida com 8,5 milhões de hectares.

“Ele se dedicou, ao máximo, à questão dos indígenas isolados. A gente levou ele para uma base chamada Bananeira, que fica em Rondônia, com um dos grandes indigenistas da nossa atualidade, assim como ele mesmo é, que é o Rieli Franciscat. Ele ficou em torno de nove meses na base Bananeira e, quando se sentiu seguro para fazer o trabalho de campo, voltou para o Vale do Javari. Só que aí já era o governo do Jair Bolsonaro, um governo que jogava contra e começou a perseguir ele”, comenta.

Defensor da legalização do uso de armas por agentes credenciados da Funai nos mesmos padrões do Ibama, Beto, em entrevista concedida à Agência Brasil, fala do clima de intranquilidade vivido pelos povos originários da região, das ameaças, do assassinato de Bruno e Dom e diz que segurança e fiscalização não se faz com “flores”

Na década de 1980, os marubo tinham um vínculo comercial muito grande com a venda da borracha para os comerciantes seringalistas na região de Ipixuna, região sul da Terra Indígena de Boa Fé. E os velhos chegaram à conclusão de que, como não dominavam bem o português, essa história de contar números e valores, estavam sendo passados para trás.

Sobre a questão religiosa, Beto Marubo indaga à reportagem, assinada por com 8,5 milhões de hectares,

– Já viu o assédio de religiosos com relação aos parentes, que é outro problema no Vale do Javari? O missionarismo irresponsável, fundamentalista atrás de contatar os parentes isolados. Na minha época, não era diferente. Tinha uma base católica em Cruzeiro do Sul, em que ensinavam os padres que vinham da Europa a falar português. Os velhos falaram: ‘A gente quer que vocês, católicos, treinem três jovens da nossa aldeia para falar português e a saberem números’. Nesse contexto, fomos eu e dois primos meus para Cruzeiro do Sul. Um acordo dos indígenas com o pessoal católico. Eu tinha 17, quase 18 anos. Quando terminei o ensino médio, a primeira coisa foi honrar o que esperavam de mim, porque disseram: ‘Olha, a gente queria alguém que fale português, que lute pela gente’. Não tinha mais borracha, encerrou o processo da borracha, e aí eu fui para a Funai. Estive na Funai por muito tempo, mais de 12, 13 anos. Saí em 2017. Sempre trabalhei na Funai. E, quando eu saí, o movimento disse: ‘A gente vai precisar de você, da sua expertise, do seu trabalho, você fala português bem, para atuar com os parceiros’. Mas não se constrói liderança, a gente já nasce com esse perfil.

Leia matéria completa na  Agência Brasil (ebc.com.br)