O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo de Jair Bolsonaro, foi convocado a explicar o seu envolvimento na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, instalada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
O requerimento com a convocação do militar reformado foi aprovado no dia 4 de abril. A princípio, a data da ida do general da reserva ao colegiado seria 4 de maio.
Mas o ex-ministro procurou o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), e pediu para antecipar a data para o dia 19 de abril, quarta-feira da próxima semana. O pedido dele foi atendido.
O envolvimento do GSI de Augusto Heleno na organização de atos golpistas foi denunciado no dia 13 de dezembro com exclusividade pela Revista Fórum. Na reportagem do jornalista Henrique Rodrigues, um servidor da Polícia Federal (PF) lotado na Presidência da República, sob a condição de anonimato, acusou a pasta de estar por trás dos atos vandalismo de 12 de dezembro na capital federal.
Naquela data, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva era diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e inúmeros bolsonaristas espalharam violência, chamas e pânico por meio de uma ação coordenada que envolveu uma tentativa de invasão da sede da PF, bloqueio de vias expressas, queima de carros e ônibus e intimidações a cidadãos que estavam em locais públicos.
Na ocasião, a justificativa dos bolsonaristas para os atos de violência e vandalismo perpetrados em Brasília seria em resposta à prisão do indígena José Acácio Sererê Xavante, sob suspeita dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do estado democrático de Direito. A noite de 12 de dezembro foi uma prévia do terror do dia 8 de janeiro.
O GSI respondeu à matéria da Fórum no dia 14 de dezembro com nota intimidatória, na qual classificou “as acusações publicadas não têm qualquer ligação com a verdade e foram plantadas por uma ‘fonte’ desqualificada e mentirosa”. A resposta foi até postada pelo general Heleno no seu perfil no Twitter.
Agora, Heleno terá a oportunidade de prestar contas também sobre o envolvimento de agentes chefiados por ele no acampamento golpista na porta do QG do Exército em Brasília. Essa presença, inclusive, foi monitorada pelo Serviço de Contrainteligência da PF, setor que atua na prevenção, identificação e neutralização de ações promovidas por grupos ou organizações que ameacem a segurança do Estado e da sociedade brasileira.