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General Gonçalves Dias pede demissão do GSI após divulgação de vídeo de golpistas no Planalto em 8/1

No Palácio do Planalto, não há dúvidas de que o general da reserva não apoiou ou facilitou de nenhuma forma a invasão. Amigo de Lula há mais de 20 anos, GDias foi chefe da segurança da presidência nos dois mandatos

General Gonçalves Dias pede demissão do GSI após divulgação de vídeo de golpistas no Planalto em 8/1

A saída do general do cargo foi decidida em uma reunião de cerca de 40 minutos entre Lula e todos os ministros palacianos - Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), e o próprio GDias.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, pediu demissão nesta quarta-feira, se tornando o primeiro integrante do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cair neste terceiro mandato.

A saída de GDias, como é conhecido, acontece depois que a CNN Brasil divulgou imagens do general circulando pelo Planalto durante os ataques de 8 de janeiro.

Apesar de ser conhecida a presença do general no local durante a invasão, as imagens de GDias andando no terceiro andar do Planalto sem rumo, passou a ser usada pela oposição como um sinal de que o governo teria de alguma forma facilitado a entrada dos invasores e fortaleceu o pedido de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o 8 de janeiro.

No Palácio do Planalto, não há dúvidas de que o general da reserva não apoiou ou facilitou de nenhuma forma a invasão. Amigo de Lula há mais de 20 anos, GDias foi chefe da segurança da presidência nos dois mandatos anteriores do presidente.

“O que ficou complicado é que ele não revelou a dimensão da ação do GSI no 8 de janeiro”, disse uma fonte palaciana.

Além disso, as imagens divulgadas pela CNN, e que estariam no processo do Supremo Tribunal Federal, não teriam sido entregues em sua totalidade à Presidência da República.

A saída do general do cargo foi decidida em uma reunião de cerca de 40 minutos entre Lula e todos os ministros palacianos – Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), e o próprio GDias. Ao final, o general foi com Pimenta elaborar uma nota divulgada pela Presidência em que sua demissão não é citada

O texto reitera que todos os militares envolvidos nos ataques estão sendo investigados e serão punidos, e que o governo está tomando todas as medidas possíveis para facilitar as investigações.

“O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio. E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.”

“A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro”, diz o texto.

As imagens do circuito interno de segurança, divulgadas pela CNN Brasil, mostram um capitão do exército, lotado no GSI – que a empresa preferiu não divulgar o nome – dando água e conversando com os golpistas. Em outra imagem o general Dias aparece caminhando pelo terceiro andar do Planalto sozinho.

Parlamentares da oposição imediatamente reforçaram o discurso de que militares do “GSI de Lula” teriam facilitado a ação dos golpistas.

À época, com apenas uma semana do novo governo, os lotados no GSI ainda eram os nomeados pelo general da reserva Augusto Heleno, ministro nomeado por Bolsonaro. Ainda segundo a CNN Brasil, o capitão foi exonerado.

A presença de Dias no Planalto já era conhecida. O general chegou logo depois da invasão e ficou até a chegada do presidente Lula, já na noite do dia 8, depois que todos os golpistas já tinham sido expulsos e presos. A alegação da oposição agora é que Dias parece “muito tranquilo” ao andar no terceiro andar enquanto invasores ainda estavam no Planalto.

A postura do general das imagens não é uma das razões da sua saída. Fonte ouvida pela Reuters alega que o general – que foi capaz de tirar invasores da porta do sala do presidência e trancar os vidros blindados – fez o que era possível, sozinho.

A dúvida agora é quem Lula vai colocar no lugar de GDias no GSI, um cargo estratégico. O general da reserva topou o posto justamente porque o presidente não tinha alguém de confiança entre militares de alta patente para assumir o posto em janeiro, segundo a mesma fonte palaciana. Além de GDias, também deixou o GSI Ricardo Nigri, secretário-executivo.

Quem assume interinamente o posto no GSI é Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça que foi interventor no governo do Distrito Federal após os ataques de 8 de janeiro.

Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) afirmou que o governo já pediu apurações contra todos os militares suspeitos de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro na Esplanada, inclusive do GSI.

Leia na íntegra a nota da Secom:

A violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio.

As imagens do dia 8 de janeiro estão em poder da Polícia Federal, que tem desde então investigado e realizado prisões de acordo com ordens judiciais.

No dia 17 de fevereiro, a Polícia Federal pediu autorização para investigar militares e, a partir do dia 27 de fevereiro, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), tem realizado tais investigações, inclusive com a realização de prisões.

Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI.

O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio.

E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.

A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro.

Secretaria de Comunicação Social