O ex-deputado federal Deltan Dallagnol, conhecido por sua atuação como coordenador da força-tarefa da Lava Jato, fez sérias acusações em relação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à decisão unânime que resultou na retirada de seu mandato parlamentar, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Segundo Deltan, os sete ministros do TSE teriam combinado nos bastidores a decisão, antes mesmo do assunto ser julgado pelo plenário da corte. O parlamentar direcionou suas críticas ao relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, alegando que ele teria buscado beneficiar sua candidatura ao Supremo Tribunal Federal (STF) em troca de prejudicar Deltan.
“O presidente da República tem um poder imenso na mão ao escolher os integrantes do STF. E esse poder de indicação faz com que muitos ministros, muitas autoridades, vão dançar a música que o presidente da República decidir tocar; e o presidente da República já tocou uma música muito clara em diversos momentos, que é a música da vingança contra a Lava Jato”, declarou.
“Isso fez com que o ministro condutor do voto [Benedito Gonçalves] trouxesse um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura para uma vaga no STF, num contexto que a gente precisa lembrar. Esse ministro deveria ter se declarado suspeito por ter sido alvo, segundo a imprensa noticiou, de uma delação no âmbito da Lava Jato e num contexto em que nós já vemos vários sinais de amizade e de proximidade entre esse ministro e o próprio presidente Lula”, disse.
De acordo com suas declarações, os outros seis ministros teriam sido influenciados pelo governo do presidente Lula, levando à unanimidade da decisão contra ele. Deltan expressou sua esperança de que os integrantes da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados optem por ignorar a decisão do TSE e mantenham-no em seu cargo parlamentar.