O general Carlos Alberto dos Santos Cruz realizou duras críticas a Bolsonaro e ao general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, então ministro da Defesa do ex-capitão. Ele acusou Paulo Sérgio de omissão no episódio dos atos terroristas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro, além de ter dito que Bolsonaro, através de suas ações no final de 2022, promoveu um imenso desgaste ao Exército Brasileiro. Os comentários foram feitos em artigo publicado no canal MyNews.
“Quem tinha que defender as Forças Armadas, no nível político, era o Ministro da Defesa”, afirmou. O militar ainda comentou sobre os demais generais palacianos, entre eles Walter Braga Netto. Carlos Alberto afirmou que, no caso dele, “ficava por conta da iniciativa de cada um” agir contra ação golpista, “o que nunca se concretizou”.
Cruz disse ainda que Bolsonaro obteve “muito sucesso como cabo eleitoral do seu opositor, sem tirar o mérito próprio do atual presidente”. Para ele, de todas as instituições que o ex-presidente “prejudicou e desgastou, a que mais sofreu, e vem sofrendo, é o Exército brasileiro”.
Para Santos Cruz, a responsabilidade por orientar de forma “clara e honesta” quem estava na frente dos quartéis era do presidente e do ministro da Defesa, as autoridades políticas. O que nenhuma o fez: “O Ministério da Defesa não se manifestou e não defendeu o Exército. O comandante se manteve em atitude disciplinada (…). O Exército engoliu essa barbaridade em nome da disciplina e da institucionalidade”.
Santos Cruz ainda afirmou que “atacar o Exército não é o caminho para a solução dos muitos e graves problemas nacionais”: “Isso é simplesmente oportunismo e covardia!”.
O general disse que nenhum dos “covardes e fanfarrões que atacavam e atacam atualmente o Exército teve coragem de ir até junto daquelas pessoas acampadas na frente dos quartéis”: “Os covardes nunca estão na linha de frente. Eles estão sempre escondidos nos seus gabinetes, nas suas imunidades, na internet, nos grupos de redes sociais, no anonimato etc. Eles empurram a massa de manobra para fazer besteiras. Os manipulados e os inocentes úteis que se acertem com a Justiça!”.
Escreveu ainda Santos Cruz: “Alguns covardes e inconsequentes queriam que, depois de um processo eleitoral, dois turnos e um candidato eleito, o Exército impedisse o prosseguimento normal da vida nacional, tomando uma decisão política absurda. Essa tentativa de transferência de responsabilidade é a mais profunda traição já sofrida pelo Exército.”
As supostas omissões por altos militares gerou grande atrito entre membros do Exército. Isso ficou claro quando, há três semanas, generais da ativa deixaram seu descontentamento com o papel desempenhado por colegas no ataque que culminou na destruição da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Classificaram como “desleal” a conduta dos bolsonaristas que tentaram incitar coronéis a ultrapassar generais que se recusavam a dar o golpe contra posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).