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“A cadeira que o senhor está sentado estava na rua”, diz Gilmar a Nunes Marques durante julgamento do 8/01

Em seu voto, o Nunes Marques ignorou a natureza golpista dos eventos de 8 de janeiro e afirmou que os indivíduos envolvidos no maior atentado ao Estado de Direito desde o fim da ditadura eram, na verdade, "incompetentes" que escolheram

"A cadeira que o senhor está sentado estava na rua", diz Gilmar a Nunes Marques durante julgamento do 8/01

"Não se tratava de passeio no parque, ministro Kassio. Nem de um incidente. A cadeira que o senhor está sentado estava lá na rua, no dia da invasão", afirmou o ministro Gilmar Mendes.

Durante o julgamento do primeiro réu dos atos antidemocráticos de 8/01, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou o voto do ministro  Kassio Nunes Marques, nesta quarta-feira (13), que votou em favor de uma pena menos severa do que a inicialmente proposta pelo relator Alexandre de Moraes, que sugeriu 17 anos de reclusão.

Mendes destacou que a expressão “passeio no parque” não condizia com os acontecimentos daquela data e reforçou que os eventos foram atos criminosos que representaram uma ameaça à democracia. “Não se tratava de passeio no parque, ministro Kassio. Nem de um incidente. A cadeira que o senhor está sentado estava lá na rua, no dia da invasão”, afirmou o ministro Gilmar Mendes.

Em seu voto, o Nunes Marques ignorou a natureza golpista dos eventos de 8 de janeiro e afirmou que os indivíduos envolvidos no maior atentado ao Estado de Direito desde o fim da ditadura eram, na verdade, “incompetentes” que escolheram um caminho impraticável para tentar mudar o rumo do país.

Kassio Nunes Marques defendeu uma pena menos rigorosa para o réu em questão, propondo uma condenação de apenas dois anos, referente aos crimes de dano qualificado e deterioração do patrimônio, dos cinco pelos quais o réu está sendo acusado.

Em contrapartida, o relator Alexandre de Moraes ironizou a posição de Nunes Marques, destacando que não houve “domingo no parque” ou passeio, mas sim atos criminosos. Moraes enfatizou que a intenção da turba de manifestantes era uma intervenção militar para derrubar um governo democraticamente eleito em 2022.

O ministro André Mendonça, que estava expondo seu voto, argumentou que, em sua análise, não houve uma tentativa de golpe por parte dos manifestantes. Ele sustentou que, à luz dos fatos, os manifestantes não tinham ações capazes de destituir o poder e que a análise sobre a ação idônea para destituir o governo deveria ser realizada em outras partes. >>> Moraes repreende André Mendonça por ver “conspiração” do governo no 8 de janeiro: “tenha dó” (vídeo)

Até o momento, três ministros concluíram seus votos no julgamento: Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, que acompanhou o relator, e Kassio Nunes Marques, que propôs uma pena mais branda para o primeiro réu. O julgamento continua em andamento na Corte Suprema brasileira, enquanto os ministros discutem as acusações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro.