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“Novo HUGV” foi inaugurado sem alvará do Corpo de Bombeiros e o Habite-se da prefeitura

Direção do HUGV diz que a informação que recebeu da Ufam é que o processo do “Habite-se” do prédio do HUGV encontra-se em tramitação no IMPLURB

"Novo HUGV" foi inaugurado sem alvará do Corpo de Bombeiros e o Habite-se da prefeitura

O novo HUGV funciona desde 2016 de forma precária do ponto de vista documental.

O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e suas duas imponentes torres de 12 e 13 andares cada uma, construídas por R$ 130 milhões, foi aberto para a população sem o devido alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros, logo sem o habite-se da prefeitura municipal e outros alvarás de funcionamento das áreas de saúde.

Sem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), o “Novo HUGV”, na sua nova concepção física estrutural, com um total de 33.000 m2 de área construída, representa no mínimo potencial perigo a seus usuários independentemente do tamanho de sua gravidade.

A irregularidade é flagrante.

O novo HUGV – unidade assistencial de média e alta complexidade, direcionada ao desenvolvimento de atividades de Ensino e Pesquisa no âmbito multiprofissional de formação dos médicos da Faculdade de Medicina da UFAM e do Amazonas – funciona desde 2016 de forma precária do ponto de vista documental.

E até hoje ninguém fez patavina – seja o Ministério Público Federal (MPF), seja o Corpo de Bombeiros e até a direção do hospital – para obrigar a direção do majestoso HUGV a cumprir na forma da lei as regras de segurança para funcionar.

O certo é que, mesmo para proporcionar serviços de assistência à saúde à população da região norte com excelência e qualidade e segurança, as duas torres foram construídas e inauguradas sem o alvará do Corpo de Bombeiros.

Com as necessárias proporções, a realidade é diferente e preocupante sob a perspectiva da segurança e da prestação do serviço nos seus diferentes aspectos.

É inegável, mesmo assim, que o novo HUGV impressiona pela qualidade do serviço prestado e, sobretudo, pela sua exuberância. Nem por isso deixou de ser velho.

Com o dobro de funcionários em atividades – o velho contava com cerca de 400 técnicos entre médicos e enfermeiros -, produz o mesmo que produzia o antigo HUGV, ou seja, ocupa apenas 50 leitos quando poderia ocupar 300, o que significa dizer que, o novo HUGV, estacionou em 2013 e está mais para “coisa velha”, sem desmerecer o inestimável legado do antigo hospital.

E por que estacionou em 2013 com a mesma taxa de ocupação do antigo HUGV, além do pouco serviço entregue à população e aos alunos de medicina, que acabam em outros hospitais para terem suas aulas práticas? Uma incógnita. A desculpa mais recorrente é falta de pessoal.

O certo é que o novo HUGV, com o dobro de pessoal em relação ao velho, aparece como um dos piores exemplos, conforme relatório publicado no portal da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Esse relatório demonstra as diferenças de atuação dos diversos hospitais da rede.

Hoje, o novo HUGV ocupa, em média, 50 leitos, embora a sua capacidade nominal seja de 300 leitos. Sua subutilização é sem dúvida um grande e lamentável desperdício.

Um simples olhar pelas diversas alas do hospital é suficiente para fotografar a má utilização dos espaços e dos equipamentos hospitalares disponíveis.

Realmente, as condições entre as duas realidades – o velho e o novo – foi muito modificada, começando pelos repasses financeiros e a falta de segurança.

Segundo o relatório da Ebserh, o custo de 50 leitos é de R$ 500 mil por ano quando deveria custar R$ 83 mil desde que os 300 leitos fossem ocupados. Ou seja, o HUGV é um primor de desperdício.

Do total de 300 leitos, apenas 156 estão cadastrado pelo SUS.

Conforme o próprio Relatório, observa-se que, no decorrer dos quatro anos, houve uma tendência crescente nos valores repassados à instituição.

Percebe-se, assim, que não é por falta de recursos que o novo HUGV não entrega um serviço melhor à população e aos alunos de medicina.

Com tantas contradições é de se questionar em que a EBSERH representou melhoria na gestão do novo HUGV uma vez que os atendimentos ainda estão como eram em 2013?

Em novembro de 2013, a Ufam firmou contrato com a Ebserh, que passou a apoiar a universidade na gestão do hospital por meio da implantação de um plano de reestruturação, com ações executadas de forma conjunta com a Universidade, que previa a adoção de medidas para a recuperação da infraestrutura física e tecnológica, assim como a recomposição do quadro
de pessoal.

Observação: a direção do hospital foi acionada pela reportagem do site para falar sobre os diversos temas abordados na reportagem mas não conseguiu chegar a ela.

O OUTRO LADO

No que diz respeito à assistência em saúde, com a chegada da Ebserh, 366 novos empregados foram contratados via concurso público, totalizando 856 trabalhadores entre profissionais ligados à Ebserh e à UFAM. Com os investimentos feitos em pessoal, estrutura e serviços, conseguimos melhorar indicadores importantes. Por mês, temos realizado, em média, por exemplo, 580 cirurgias, 1.920 exames de imagem e cerca de 25 mil exames laboratoriais.

Com relação ao ensino em saúde, por semestre, temos, em média, 522 alunos de graduação entre internos e alunos em estágio obrigatório de nove cursos da Universidade Federal do Amazonas (Medicina / Serviço Social / Psicologia / Farmácia / Biblioteconomia / Contabilidade / Informação e Comunicação / Fisioterapia / Enfermagem). Temos atualmente, no HUGV, 143 residentes médicos distribuídos em 23 Programas de Residência Médica, entre eles, Anestesiologia, Cardiologia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Neurocirurgia e Neurologia. Além dos residentes médicos, temos 25 residentes em dois programas de área multiprofissional de saúde (Programa de residência multiprofissional em Atenção a Paciente Adulto Neurocirúrgico em UTI e Atenção Integral na Saúde Funcional em Doenças Neurológicas) e 26 residentes em três programas de área multiprofissional de saúde (Enfermagem Obstétrica, Fisioterapia em Terapia Intensiva Neonatal e Patologia Oral e Maxilo Facial).

A construção do atual prédio do HUGV foi resultado de um contrato celebrado entre a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a construtora responsável pela obra.

A informação que recebemos da Universidade é que o processo do “Habite-se” do prédio do HUGV encontra-se em tramitação no Instituto Municipal de Planejamento Urbano (IMPLURB). Sugerimos buscar a UFAM para mais informações.