O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou que enviou dinheiro para os Estados Unidos no fim de seu mandato e disse que “não é crime” efetuar esse tipo de transferência.
“Enviei, sim. Da minha poupança do Banco do Brasil para o BB América. Ou seja, o dinheiro continuou num banco brasileiro”, afirma em vídeo obtido pelo UOL.
No início da gravação, ele cita a data — quinta-feira, 15 de fevereiro — e as notícias de que ele enviou R$ 800 mil aos Estados Unidos em dezembro de 2022, “à espera de um golpe”.
“Dizia a nossa querida Polícia Federal que o último país do mundo onde um golpista, ditador enviaria dinheiro seria os Estados Unidos, porque é um país democrata, que respeita tratados. E esses recursos seriam imediatamente bloqueados”.
Bolsonaro afirma ainda que, no ano passado, brasileiros enviaram para fora do país mais de R$ 2 bilhões de dólares. “Por que eles fizeram isso? Assim como eu: porque tínhamos dúvidas sobre a política e a economia do atual mandatário de esquerda.”
Repito: isso não é crime.
O que diz a PF
Segundo a investigação da PF, a movimentação de recursos pode sugerir que, com o golpe dando errado, Bolsonaro sabia que poderia ser responsabilizado juridicamente por atos ilícitos.
“Em outra linha de atuação, os investigados tinham a expectativa de que ainda haveria a possibilidade de consumação do golpe de Estado. Por outro lado, cientes dos atos ilícitos cometidos, alguns investigados se evadiram do país retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os para os Estados Unidos, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos perpetrados”, diz trecho do documento da PF no inquérito, ao qual a coluna teve acesso.