O Exército Brasileiro está prestes a firmar um contrato de compra de viaturas obuseiras 155mm da empresa israelense Elbit Systems, em um negócio estimado em cerca de R$ 1 bilhão. No entanto, essa decisão tem gerado críticas devido ao envolvimento da empresa em episódios do genocídio promovido por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
No início de abril deste ano, um comboio da organização humanitária norte-americana World Central Kitchen foi alvo de um bombardeio por forças israelenses em Gaza, resultando na morte de sete ativistas humanitários. Marcelo Zero, analista internacional e colunista do 247, destaca que o drone utilizado no ataque era da Elbit Systems, a mesma empresa que está prestes a fornecer equipamentos ao Exército Brasileiro.
“Lembram do massacre da World Central Kitchen, aquela organização norte-americana, que distribuía comida em Gaza? Na ocasião, um comboio dessa organização humanitária foi bombardeado por forças israelenses, mesmo tendo permissão para adentrar Gaza, o que resultou na morte de sete ativistas humanitários. Pois bem, o instrumento utilizado para promover esse massacre foi um drone Hermes 450, fabricado pela Elbit Systems, empresa de defesa de Israel”, destacou Zero.
Além disso, Zero aponta que há um movimento global de desinvestimento em empresas de defesa de Israel devido às preocupações com as violações dos direitos humanos na região. No entanto, o Brasil estaria indo na contramão desse movimento ao investir uma quantia significativa de recursos públicos na Elbit Systems. “Essa aquisição bilionária vem em um momento em que há fortes questionamentos mundiais sobre as ações do governo Netanyahu em Gaza, inclusive na Corte Internacional de Justiça, bem como agressões constantes daquele governo israelense contra Lula”, ponderou o analista.
“Enquanto quase todo o mundo desinveste, o Brasil, caso o contrato se efetive, vai investir RS$ 1 bilhão em dinheiro público numa empresa que participa direta e ativamente naquilo que o Papa Francisco chama de ‘morticínio de Gaza'”, ressaltou Marcelo Zero. Ele ainda acrescentou: “Será que isso é bom para os interesses do Brasil? O Itamaraty, ao que parece, não foi consultado.”
A licitação, que faz parte do programa Obtenção da Capacidade Operacional Plena (OCOP) do Exército, foi vencida pelo modelo “Atmos” da Elbit Systems. O contrato, financiado com recursos do Novo PAC, está estimado em US$ 180 milhões ou R$ 900 milhões, com uma margem adicional destinada ao treinamento de pessoal.
Embora o Exército Brasileiro tenha afirmado anteriormente que as divergências entre os governos federal e israelense não influenciariam na decisão de compra, recentemente deputados de partidos como PT, PDT, Psol e PCdoB têm pressionado pela anulação de todos os contratos de Defesa com Israel, incluindo a compra dos obuseiros.