Donald Trump foi considerado culpado nesta quinta-feira (30) de todas as acusações em seu julgamento criminal em Nova York por pagamentos ocultos a uma estrela, um terremoto para o ex-presidente americano em plena corrida pela Casa Branca. Este veredicto não impede que o bilionário republicano de 77 anos seja candidato às eleições presidenciais de novembro, contra o democrata Joe Biden, mesmo que seja condenado à prisão.
Após dois dias de deliberações, os doze jurados consideraram Donald Trump culpado por unanimidade de todos os trinta e quatro crimes de falsificação de documentos contábeis, destinados a ocultar um pagamento de US$ 130 mil à atriz Stormy Daniels para evitar um escândalo sexual no final de sua campanha presidencial de 2016. Sua sentença será definida em 11 de julho pelo juiz Juan Merchan, a quem Donald Trump chamou de “corrupto” fora do tribunal durante todo o julgamento.
Em tese, ele pode pegar até quatro anos de prisão, possivelmente acompanhados de multa. Mas o magistrado também pode decretar pena de prisão suspensa, ou mesmo prestação de serviços comunitários.
“Veredicto será em novembro”
Ao deixar o tribunal de Manhattan na quinta-feira, Donald Trump denunciou um “julgamento manipulado” e uma “vergonha”, acrescentando que o “veredicto real será em 5 de novembro, pelo povo americano”, dia da eleição presidencial. Antes de o veredicto ser pronunciado, ele já havia falado em um “tribunal lixo” e em um julgamento orquestrado por seu adversário, o presidente democrata Joe Biden. “Eu só quero dizer que este é um dia muito triste para a América (…) Tudo é manipulado”, acrescentou.
O ex-presidente dos Estados Unidos, que escapou de dois processos de impeachment durante seu mandato (2017-2021) e deixou a Casa Branca em caos em 20 de janeiro de 2021, sem reconhecer sua derrota contra Joe Biden, concorre a um novo mandato contra seu rival democrata.
Além de ter sido o primeiro julgamento criminal movido contra um ex-presidente dos EUA, a sentença proferida em Nova York é ainda mais importante porque provavelmente será a única a ocorrer antes da eleição presidencial, entre os quatro casos em que Donald Trump é indiciado, incluindo o de um tribunal federal em Washington por suas supostas tentativas ilegais de anular os resultados da eleição que perdeu em novembro de 2020.
“Ninguém estava acima da lei”
O líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, condenou “um dia de vergonha na história americana”. “Os democratas aplaudem a condenação do líder do partido adversário por acusações ridículas, com base no testemunho de um condenado e destituído [o ex-advogado pessoal de Trump, Michael Cohen]. Foi um exercício puramente político, não jurídico”, disse em nota.
“Vimos hoje em Nova York que ninguém está acima da lei“, reagiu um porta-voz da campanha de Joe Biden. “Mas só há uma maneira de manter Donald Trump fora do Salão Oval: o voto. Delinquente ou não, Trump será o candidato dos republicanos”, acrescentou Michael Tyler em um comunicado.
A Casa Branca, por sua vez, disse por meio de um porta-voz que “respeita a lei” e que não “comenta mais”.