O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se disse “vítima de criminosos” e negou que a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tenha sido utilizada para auxiliá-lo “de alguma forma”.
“Eu fui vítima de criminosos que acessaram ilegalmente meus dados sigilosos na Receita Federal, e eles conseguem transformar isso em uso da Abin para me auxiliar de alguma forma”, afirmou o senador, em vídeo divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (11).
A Polícia Federal (PF) afirma ter identificado um áudio de uma reunião em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o general Augusto Heleno, supostamente, discutem um plano para anular investigação contra Flávio no caso das “rachadinhas” (desvio de dinheiro público).
A informação consta em decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou nova fase de operação da PF que apura suspeitas de uso do aparato da Abin para espionagens e monitoramentos ilegais.
De acordo a PF, Bolsonaro, Ramagem – que foi diretor-geral da Abin durante o governo passado – e Heleno – que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) – discutiram, no encontro, supostas irregularidades cometidas pela Receita Federal em relatório de inteligência fiscal que deu origens às investigações contra Flávio.
A PF também apontou que a Abin, sob a gestão de Ramagem e o governo de Jair Bolsonaro, teria espionado auditores da Receita Federal que apuravam o suposto esquema.
Em nota à CNN, o senador reafirmou nunca manteve relação com a Abin e disse que a operação tem como objetivo interferir nas eleições municipais.
“A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro“, afirmou o senador.
Em 2021, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou que os dados fiscais de Flávio foram acessados ilegalmente por um servidor da Receita Federal.
A defesa do senador busca, na Justiça, linkar o caso ao relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou suspeitas de desvio de recursos públicos do gabinete de Flávio quando ele foi deputado estadual no Rio de Janeiro.
“Parece que tinha uma força-tarefa do crime dentro da Receita contra mim”, afirmou Flávio.