O ex-procurador-geral da República, Augusto Aras, sabia do esquema de espionagem ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e preferiu ignorar o caso. A ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia determinou, no final de 2020, que ele investigasse a estrutura clandestina, mas não concluiu a apuração. A informação é da coluna de Guilherme Amado no Metrópoles.
Na ocasião, a magistrada determinou que ele apurasse o uso da Abin para beneficiar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. À época, foi revelado que a agência foi acionada para buscar provas que derrubassem o caso Queiroz.
Em 2021, a PGR chegou a pedir ao portal Metrópoles para entregar os relatórios que mostravam o uso da Abin para ajudar o parlamentar na investigação, mas os documentos não foram entregues para preservar o sigilo das fontes.
Posteriormente, Luciana Pires, advogada de Flávio, foi chamada para depor na PGR e se recusou a participar da oitiva, alegando sigilo profissional. O órgão então decidiu não prosseguir com a apuração.
A Polícia Federal então investigou o caso e descobriu a estrutura paralela usada pelo governo Bolsonaro com a Abin. A corporação descobriu que, além de ajudar os filhos do ex-presidente, a Abin monitorou de maneira ilegal autoridades, servidores públicos e jornalistas considerados opositores.
Nesta semana, a PF prendeu o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, o agente da corporação cedido à Abin Marcelo Araújo Bormevet, o ex-assessor da Secretaria de Comunicação da Presidência Mateus de Carvalho Sposito, o empresário Richard Dyer Pozzer e o influenciador Rogério Beraldo de Almeida. Policiais federais também cumpriram mandados de busca e apreensão contra os ex-assessores José Matheus Sales Gomes e Daniel Ribeiro Lemos.