O governo do presidente Lula (PT) decidiu, nesta quinta-feira (8), expulsar a embaixadora da Nicarágua, Fulvia Patricia Castro Matus, de Brasília. A medida foi tomada em resposta à decisão do ditador nicaraguense Daniel Ortega de exigir a saída do diplomata brasileiro Breno de Souza da Costa de seu país.
Após conversa entre o petista e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o governo determinou que a embaixadora, que havia chegado ao Brasil no final de maio, agora deve deixar o país. Fulvia Castro ainda não havia se apresentado oficialmente ao presidente.
A expulsão do embaixador brasileiro da Nicarágua estaria sendo efetivada hoje, de acordo com fontes do governo brasileiro. Em resposta, a representante do regime de Ortega terá que deixar o Brasil, marcando um momento de tensão nas relações entre os dois países.
Fontes diplomáticas revelaram que a expulsão do embaixador brasileiro faz parte de uma estratégia dos sandinistas para impedir que o governo Lula tenha um papel ativo em forçar o diálogo entre o regime de Ortega e a oposição nicaraguense. O caso sinaliza uma tentativa de deslegitimar o papel do Brasil na região.
A expulsão de Fulvia Castro acontece enquanto aliados do presidente da Nicarágua observam de perto a postura do Brasil em relação à crise na Venezuela. O governo brasileiro não reconheceu a vitória dos chavistas em eleições contestadas, aumentando o temor de que o país possa adotar uma postura semelhante nas eleições nicaraguenses de 2026.
Essa medida marca o fim de um esforço contínuo do governo brasileiro pelo diálogo com o regime de Ortega. Lula, que chegou a receber o líder nicaraguense no Brasil em janeiro do ano passado, tem adotado uma postura crítica ao regime, especialmente após a prisão do bispo católico Rolando José Álvarez na Nicarágua.
Até então, o Brasil evitava condená-lo publicamente, preferindo manter canais de diálogo abertos. No entanto, após críticas de dissidentes nicaraguenses e pressões internacionais, o Itamaraty mudou sua postura, unindo-se a iniciativas que questionam as violações de direitos humanos cometidas pelo regime na Nicarágua.