Numa fala repleta de simbolismo e numa encruzilhada para a democracia americana, a candidata democrata Kamala Harris fez seu último discurso com um alerta: Donald Trump está disposto a usar o exército contra qualquer um que discorde dele e o chamou de “tirano mesquinho”. A atual vice-presidente ainda fez um apelo para os americanos coloquem um fim à Era Trump, virando a página de dez anos do ódio difundido pelo republicano.
O discurso, na noite desta terça-feira em Washington DC, ocorreu no mesmo palco usado por Trump em 2021 para convocar seus apoiadores a invadir o Capitólio. A presença de Kamala Harris no local revela a intenção dos democratas em usar os atentados contra a democracia americana para alertar a população sobre os riscos de eleger o republicano.
Segundo ela, a história americana estabeleceu a liberdade como pedra fundamental do país. Mas alertou que as gerações do passado não lutaram para que a atual sociedade abrisse mão desses direitos diante de um “tirano mesquinho”. Kamala ainda afirmou que os EUA “não são recipientes para pretendentes a ditadores”.
Nos últimos dias, membros do partido democrata compararam um comício de Trump em Nova York aos atos nazistas na mesma cidade, em 1939. Ela ainda rompeu um tabu na política americana e descreveu seu opositor como um “fascista”.
Ao tomar a palavra e sob um cartaz que dizia “liberdade”, porém, ela insistiu que Trump é “instável”, “obcecado por vingança” e “sem controle de poder”.
Para ela, o voto será “o mais importante” de uma geração e a escolha é entre “um país com liberdade para todos ou obcecado por caos e divisão”.
“Sabemos quem Trump é. É a pessoa que esteve aqui e enviou um grupo armado para derrubar a vontade popular e uma eleição que ele sabe que perdeu”, disse.
Kamala ainda contou que Trump, no Salão Oval, agentes do serviço secreto indicaram que o grupo armado estava disposto a matar o então vice-presidente. “E Trump respondeu: ‘E daí?'”, disse a candidatas.
Um dos alertas dela foi direcionado ao fato de que, ao contrário da tradição política americana, Trump usaria o poder para perseguir seus opositores. Segundo ela, o republicano “pretende usar as forças armadas dos Estados Unidos contra os cidadãos americanos que simplesmente discordam dele” e chamou às pessoas que não o apoiam “o inimigo interno”.
Para Kamala, Trump é “consumido pela mágoa” e “procura o poder sem limites”. Sua fala ainda advertiu que uma vitória do republicano significaria que ele usaria o poder para punir os seus inimigos e recompensar os amigos.
“Ele tem uma lista de inimigos que ele deseja processar. Ele diz que uma das suas maiores prioridades é libertar os extremistas violentos do 6 de janeiro”, disse Harris.