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PF aponta que general Pazuello teria sugerido golpe a Bolsonaro em 2022

Mauro Cid afirma que Pazuello esteve no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, “dando sugestões e ideias” sobre como Bolsonaro poderia “tocar o artigo 142”. No entanto, segundo Cid, o ex-presidente “desconversou” e não deu atenção à proposta.

PF aponta que general Pazuello teria sugerido golpe a Bolsonaro em 2022

Pazuello declarou que tomou conhecimento da prisão de Mario Fernandes e de outros militares apenas pela imprensa e reafirmou sua confiança nas instituições brasileiras.

O deputado federal e general da reserva Eduardo Pazuello (PL-RJ) teria sugerido ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após o resultado das eleições de 2022, uma ruptura democrática utilizando o artigo 142 da Constituição Federal. A informação foi revelada em um áudio enviado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens dele, ao então comandante do Exército, Freire Gomes, em 8 de novembro de 2022.

De acordo com a transcrição do áudio, Mauro Cid afirma que Pazuello esteve no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, “dando sugestões e ideias” sobre como Bolsonaro poderia “tocar o artigo 142”. No entanto, segundo Cid, o ex-presidente “desconversou” e não deu atenção à proposta.

“Não deu bola, né… para o que o general Pazuello estava levando para ele”, diz Cid na gravação. A transcrição faz parte dos relatórios da Polícia Federal (PF) que embasaram a operação Contragolpe, deflagrada em 19 de novembro.

A operação levou à prisão de militares e outros envolvidos por suspeita de planejar um golpe de Estado e tramar assassinatos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Entre os presos na operação está o general da reserva Mario Fernandes, que foi assessor de Pazuello na Câmara dos Deputados entre março de 2023 e março de 2024. Fernandes é apontado como um dos principais articuladores do plano golpista.

Em nota divulgada no dia da operação, Pazuello declarou que tomou conhecimento da prisão de Mario Fernandes e de outros militares apenas pela imprensa e reafirmou sua confiança nas instituições brasileiras. “Reafirmo minha crença nas instituições do país e na idoneidade do general Mario Fernandes, na certeza de que tudo será esclarecido em breve”, declarou ele.

Apesar das revelações, Eduardo Pazuello não está entre os 37 nomes indiciados pela Polícia Federal na investigação. A operação mira diretamente aqueles envolvidos em planejamentos golpistas e violentos contra o governo democraticamente eleito.

Antes de sua atuação como deputado federal, Pazuello foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro entre 2020 e 2021, período marcado pelo auge da pandemia de covid-19 no Brasil.