Um culto realizado na última terça-feira (21) na Catedral Nacional de Washington, em celebração à posse de Donald Trump, gerou polêmica após a bispa episcopal Mariann Edgar Budde criticar medidas anunciadas pelo novo presidente dos Estados Unidos. Durante o sermão, Budde fez apelos por misericórdia às comunidades LGBTQ+ e imigrantes, destacando o medo e a insegurança que suas políticas poderiam gerar.
Trump, presente no evento, reagiu negativamente ao discurso. Em declarações à imprensa após o culto, disse que não foi um bom serviço: “Eles podem fazer muito melhor”. Mais tarde, na sua rede social, Truth Social, chamou a bispa de “radical de esquerda que odeia Trump”.
Mariann Edgar Budde, de 65 anos, é a primeira mulher a liderar a Diocese Episcopal de Washington, que abrange 86 congregações e dez escolas em Washington, D.C., e Maryland. Defensora de causas como equidade racial, direitos LGBTQ+ e reforma migratória, Budde também é autora de livros sobre espiritualidade e coragem na fé.
Em seu sermão de 15 minutos, Budde dirigiu-se diretamente ao presidente, afirmando: “Milhões depositaram sua confiança em você. […] Em nome de nosso Deus, peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora”. Ela mencionou crianças LGBTQ+ temendo pela própria segurança e famílias imigrantes preocupadas com deportações.
As palavras da bispa vieram no mesmo dia em que Trump assinou ordens executivas contra a imigração, prometendo deportar milhões de “estrangeiros criminosos” e endurecer políticas de entrada no país.
Budde também destacou a contribuição dos imigrantes para a economia estadunidense e citou ensinamentos religiosos para defender acolhimento e compaixão: “Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra”.
A fala de Budde gerou uma onda de reações, tanto de apoio quanto de críticas. O republicano Mike Collins, da Geórgia, compartilhou um trecho do sermão no X, antigo Twitter, sugerindo que Budde fosse “adicionada à lista de deportação”.
“O Deus a quem sirvo está do lado da justiça. Jesus chama seus seguidores para imitar seu exemplo de amor sacrificial e construir o que ele chamou de Reino de Deus na Terra”, escreveu Budde na época. “Como seria o amor sacrificial de Jesus agora?”, questionou.