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Estados Unidos aumentam taxas sobre produtos da Colômbia após veto de Petro

Na manhã de domingo, Petro disse que não aceitaria a chegada de um voo com 160 pessoas. Horas depois, o serviço diplomático dos EUA, liderado por Marco Rubio, pelo filho de imigrantes, informou que estava suspendendo a emissão de vistos

Estados Unidos aumentam taxas sobre produtos da Colômbia após veto de Petro

O governo de Donald Trump irá suspender a emissão de vistos para colombianos, depois que o presidente Gustavo Petro anunciou que não irá receber voos com deportados diante do tratamento que os imigrantes estão recebendo.

O governo de Donald Trump irá suspender a emissão de vistos para colombianos, depois que o presidente Gustavo Petro anunciou que não irá receber voos com deportados diante do tratamento que os imigrantes estão recebendo. A medida ocorre num momento em que o governo do México vetou um voo e o Brasil denunciou violações por parte dos americanos.

A deportação em massa era uma das principais bandeiras da campanha de Trump que, em sua primeira semana, anunciou o envio de mais de 500 estrangeiros, além do destacamento de tropas para as fronteiras.

Na manhã de domingo, Petro disse que não aceitaria a chegada de um voo com 160 pessoas. Horas depois, o serviço diplomático dos EUA, liderado por Marco Rubio, pelo filho de imigrantes, informou que estava suspendendo a emissão de vistos em sua embaixada em Bogotá. A interrupção ocorre sem previsão de um retorno dos serviços.

“A dignidade da Colômbia e da América Latina vem em primeiro lugar. Os migrantes são seres humanos e sujeitos de direitos e devem ser tratados como tal”, disse Petro. Ele também expressou preocupação com o possível congelamento do diálogo sobre o Darién, uma região-chave no fluxo migratório e que fica entre Panamá e Colômbia.
Petro também defendeu a criação de mecanismos de regularização. “Se não houver regularização, a imigração ilegal aumentará. Vimos isso quando os EUA bloquearam a Venezuela e causaram a explosão da onda migratória”, escreveu Petro.

Na quinta-feira, o governo do México também tomou medidas similares, criando uma tensão com Trump.

Dias antes da posse do republicano, governos da América Latina se reuniram para fechar uma posição conjunta contra atitudes que possam prejudicar seus nacionais. Numa declaração assinada por Brasil, México, Colômbia e outros países, pedia-se que não houvesse uma “criminalização da imigração”, assim como garantias de que todos seriam tratados de forma adequada.

Nas semanas que antecederam à eleição e posse de Trump, o Itamaraty produziu informes nos quais alertavam sobre a potencial crise.

Numa nota publicada neste domingo, o governo brasileiro confirmou que não autorizou a continuação do voo com imigrantes deportados de Manaus para Belo Horizonte por considerar que os EUA violaram o acordo entre os dois países.

O Brasil insistiu que o tratamento foi “inaceitável”. O voo com 88 brasileiros deportados foi ainda resultado de um acordo existente entre os dois países desde 2017. Mas esse foi a primeira operação depois da posse de Donald Trump, que prometeu uma deportação em massa.

Conforme o UOL antecipou com exclusividade no sábado (25), o Brasil vai pedir esclarecimentos aos representantes da Casa Branca.

“O uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos segundo os EUA, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados (…) O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas”, diz a nota.

Não é a primeira vez que, num voo com deportados, as algemas são usadas. Ao longo dos últimos anos, o Brasil tentou convencer o governo de Joe Biden a abandonar a prática. Foram cerca de 30 voos com deportados nos últimos quatro anos. Agora, porém, a situação não se limita ao uso das algemas e as denúncias se referem às condições gerais do tratamento dado aos brasileiros.

Uma ala dentro do governo chega a defender que os voos sejam suspensos, caso essas violações voltem a ocorrer.

O Brasil, porém, quer evitar a todo custo uma crise com Trump, principalmente nos primeiros dias de seu governo. Ao mesmo tempo, insiste que precisa preservar a situação dos brasileiros.