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Anistia do 8/1 é pretexto para livrar mentores do golpe, diz Gilmar

“Aquilo que está se usando é o pretexto do 8 de janeiro para, na verdade, tentar anistiar aqueles que são os mentores do golpe e que tiveram agora a denúncia da procuradoria-geral da República recebida pela primeira turma”, disse Mendes

Anistia do 8/1 é pretexto para livrar mentores do golpe, diz Gilmar

“Eu não vejo sentido em nenhum processo de anistia e entendo que eventuais ajustes vão ser feitos no próprio contexto da progressão de regime ou mesmo análises que se façam de justificativas de prisões humanitárias nesses casos”, afirmou.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a mobilização dos bolsonaristas por anistia aos presos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 é, na verdade, uma estratégia para livrar de condenações os principais acusados da tentativa de golpe após as eleições de 2022, grupo que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Aquilo que está se usando é o pretexto do 8 de janeiro para, na verdade, tentar anistiar aqueles que são os mentores do golpe e que tiveram agora a denúncia da procuradoria-geral da República recebida pela primeira turma”, disse Mendes em entrevista à Folha de S.Paulo no sábado (12) durante a Brazil Conference, evento organizado por estudantes de Harvard e do MIT.

O ministro foi enfático ao rejeitar a ideia de anistia, argumentando que eventuais ajustes nas penas devem ocorrer por meio dos mecanismos já previstos no sistema jurídico, como a progressão de regime ou análise de prisões humanitárias.

“Eu não vejo sentido em nenhum processo de anistia e entendo que eventuais ajustes vão ser feitos no próprio contexto da progressão de regime ou mesmo análises que se façam de justificativas de prisões humanitárias nesses casos”, afirmou.

Recentemente, a base aliada de Bolsonaro intensificou os esforços para pressionar a votação de um projeto que concederia anistia aos envolvidos nos episódios de 8 de janeiro. No entanto, ministros do STF têm argumentado que a progressão de regime, como a concedida pelo ministro Alexandre de Moraes à bolsonarista Débora Rodrigues dos Santos, que pichou a estátua “A Justiça”, seria o caminho mais adequado.

Em março, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras sete pessoas por suposta tentativa de golpe após a derrota eleitoral de 2022.

A lista de réus inclui nomes como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. A Primeira Turma do STF acatou a denúncia, dando início ao processo judicial contra o grupo.