×

PL da Anistia não será pautado com urgência na Câmara, decide Hugo Motta

Mesmo com 264 assinaturas, o pedido de urgência só pode ser analisado se for pautado pelo presidente da Câmara. A decisão de Motta veio logo após um jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes partidários.

PL da Anistia não será pautado com urgência na Câmara, decide Hugo Motta

A justificativa de Motta é que o texto ainda não está maduro o suficiente para ir diretamente ao plenário, sem análise prévia das comissões temáticas e da Comissão de Constituição e Justiça.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu nesta quinta-feira (24) que não pautará, nas próximas semanas, o projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada após reunião com líderes partidários e contrariou a expectativa do Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, que vinha pressionando pela tramitação em regime de urgência.

A justificativa de Motta é que o texto ainda não está maduro o suficiente para ir diretamente ao plenário, sem análise prévia das comissões temáticas e da Comissão de Constituição e Justiça. Parlamentares do Centrão apontaram divergências entre a versão protocolada no sistema da Câmara e aquela apresentada informalmente por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), principal articulador do projeto, durante a coleta de assinaturas para o requerimento de urgência.

Segundo deputados presentes à reunião, Motta argumentou que há outras prioridades na agenda legislativa, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e a tramitação da PEC da Segurança Pública, apresentada na quarta-feira (23).

“A pauta da Câmara não será definida por pressão de congressistas”, afirmou o presidente da Casa, sinalizando que qualquer avanço depende de consenso entre os líderes.

Mesmo com 264 assinaturas, o pedido de urgência só pode ser analisado se for pautado pelo presidente da Câmara. A decisão de Motta veio logo após um jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes partidários.

Segundo relatos, a anistia não foi o tema central da reunião, mas Lula comentou que nem todos os envolvidos nos atos do 8 de janeiro foram condenados e que a revisão de penas deve partir do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da Câmara tem mantido diálogo com representantes dos Três Poderes em busca de uma solução intermediária. Neste mês, reuniu-se tanto com Lula quanto com Bolsonaro. À CNN, Sóstenes Cavalcante admitiu que o texto pode ser flexibilizado para vencer resistências, mas reafirmou: “Não abriremos mão da proposta”.

Se o requerimento de urgência fosse colocado em pauta, o projeto poderia ser votado diretamente no plenário, dispensando análise nas comissões. Para isso, seriam necessários ao menos 257 votos.

Agora, o projeto está parado desde outubro do ano passado, quando Arthur Lira (PP-AL), então presidente da Casa, decidiu redistribuí-lo para outras comissões. A comissão especial jamais chegou a ser instalada.