O presidente Jair Bolsonaro falou a apoiadores neste sábado, após a motociata que reuniu milhares de motoqueiros pelas ruas de São Paulo. Ele negou estar em campanha eleitoral, mas fez um aceno a seu novo grupo organizado de apoiadores, afirmando que isentará as motos de pedágio em “toda e qualquer nova concessão ou renovação de rodovias no Brasil”.
Segundo ele, a proposta recebeu o aval do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ao lado dele no ato. Mais uma vez, o presidente afirmou que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um estudo sobre a possibilidade de isentar do uso de máscaras pessoas já vacinadas ou que já tenham tido a doença. A ideia não tem qualquer respaldo científico e é rejeitada por especialistas, que ressaltam a necessidade do uso do acessório mesmo entre os imunizados, devido ao alto número de contágios no país e a baixa cobertura vacinal.
Neste sábado, Bolsonaro, seu filho Eduardo e o ministro Freitas foram multados em 552,71 reais pelo Governo de São Paulo por contrariarem as determinações legais do Estado e circularem sem máscara.
“Quem por ventura for contra essa proposta é porque não acredita na ciência, pois o vacinado não tem como transmitir o vírus”, afirmou ele à multidão, em uma nova declaração falsa, que contraria a própria ciência. Ouviu, de volta, gritos de “eu autorizo”.
No berço político de um de seus oponentes, o governador tucano João Doria, ele voltou a criticar a quarentena, imposta pelo Governo de São Paulo. “Na Constituição, encontramos como cláusula pétrea o direito ao trabalho, coisa que o governador tirou de vocês, e o direito de ir e vir”, disse ele em outra declaração falsa, já que ninguém, especialmente motociclistas que fazem entregas, foi de fato impedido de trabalhar ou proibido de circular pela cidade.
Em uma fala a religiosos, que também participam do ato e chegaram a batizá-lo de Acelera para Cristo, afirmou que também “não mandou fechar igrejas”.
“A igreja, mais que um refúgio do cristão, é o local onde muitas vezes se encontram as forças para continuar vivendo”, declarou ele, contrariando, mais uma vez, cientistas, que afirmam que lociais de cultos, geralmente fechados, são ambientes perfeitos para a proliferação do coronavírus e que as igrejas deveriam ser fechadas.
“Nós jogamos dentro das quatro linhas da Constituição e esperamos que não seja necessário, quem diria, uma medida legal, mas contundente, para fazer cumprir dispositivos da nossa Constituição”, ressaltou o mandatário, que ainda afirmou que “o meu, o nosso Exército brasileiro” jamais irá às ruas para “deixá-los em casa”, mas poderá, sim, ir às ruas “para garantir o direito de ir e vir”.
Bolsonaro afirmou ainda, em outra declaração falsa, que Estados e municípios inflaram o número de mortos por covid-19 para receber mais recursos. Citou, novamente, como fez dias atrás, um relatório que agora chamou de “não conclusivo” do Tribunal de Contas da União que afirma que o mecanismo de repasses de verba federal para os Estados e municípios levava em conta o número de óbitos pela doença.
“Houve, sim, uma supernotificação de casos de covid-19. Quem nunca ficou sabendo de pessoas que seu ente querido faleceu de outra doença e colocaram na certidão de óbito covid-19”, disse ele sem qualquer prova disso
. O relatório “não conclusivo” citado por ele foi feito por um auditor bolsonarista que foi afastado pelo TCU do cargo “porque não encontrava respaldo em nenhuma fiscalização do órgão”, conforme explicou esta reportagem do Nexo jornal. E em desafio à CPI da Pandemia, que investiga sua desastrosa gestão sanitária no Senado, defendeu, mais uma vez, o tratamento precoce, comprovadamente ineficaz para a doença por diversos estudos.
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