A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) usou as redes sociais para criticar a distribuição de comida para pessoas na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. A declaração veio após o padre Julio Lancellotti denunciar que a Polícia Militar tentou impedir a entrega das marmitas neste fim de semana. A parlamentar disse que “a distribuição de alimentos na Cracolândia só ajuda o crime”.
No Twitter, a deputada declarou, ainda, que “o padre e os voluntários ajudariam se convencessem seus assistidos a se tratarem e irem para os abrigos.” A posição acabou criticada nas redes sociais. O padre Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, manifestou indignação com a fala da deputada. “Quando alguém critica, causa um impacto geral. Ela quis dizer que nós apoiamos o crime.”
“O nosso objetivo não é ser um distribuidor de comida. O alimento é um vínculo para se aproximar.” Nas redes, ele usou uma imagem para rebater a publicação de Janaina, sugerindo que a deputada não se posiciona diante dos mortos pela covid-19 no País.
Lancellotti afirmou que neste domingo, 8, quando os integrantes da pastoral tentavam realizar a distribuição de alimentos, agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) cercaram os acessos à região, impedindo, mais uma vez, a chegada da equipe de voluntários. “Eles fizeram um cerco e nós tivemos de entregar a comida em outras ruas”, disse. “Não dá para combater esse tipo de questão com violência”, complementou.
Ainda de acordo com o coordenador da pastoral, a GCM afirmou haver dois traficantes na Cracolândia. “Se eles sabiam que tinham esses dois traficantes, por que não foram pegá-los?”, questiona.
Neste domingo, Janaina voltou às redes sociais afirmando não ter feito ataques. “Há anos, todos reclamam da Cracolândia, mas ninguém tem coragem de olhar para as ações que findam por colaborar para que aquela região siga assim. Alimentar no vício só estimula o ciclo vicioso.”
A reportagem tentou contato com a deputada, por telefone, para comentar as declarações, mas não obteve retorno até o horário de publicação desta reportagem. O Estadão também procurou a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e a Secretaria da Segurança Pública, que também não responderam até o momento.