O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou, em entrevista à revista VEJA publicada na última sexta-feira (20), que Jair Bolsonaro (sem partido) foi quem mandou os jatos da Aeronáutica sobrevoarem o Supremo Tribunal Federal (STF) para estourar as vidraças da suprema corte.
Em 2012, um rasante dos caças, que estavam acima da velocidade do som, destruiu os vidros da sede do STF. A declaração do ministro no governo Temer veio após ele ser questionado sobre a demissão de três comandantes das Forças Armadas.
“Ele (Bolsonaro) chamou um comandante militar e perguntou se os jatos Gripen estavam operacionais. Com a resposta positiva, determinou que sobrevoassem o STF acima da velocidade do som para estourar os vidros do prédio. Bolsonaro mandou fazer isso, tenho um depoimento em relação a isso. Ao confrontá-lo com o absurdo de ações desse tipo, eles (comandantes) foram demitidos”, disse Jungmann.
Segundo o ex-ministro, o Presidente da República faz uma “constante atuação de constrangimento” para que o Exército, a Aeronáutica e a Marinha endossem seus atos e falas.
“Os três foram demitidos porque se recusaram a envolver as Forças Armadas nas declarações e nos atos do presidente da República. Toda vez que ele se sente ameaçado, sobe o tom e desrespeita os outros poderes, constrangendo as Forças Armadas a endossar esse discurso”, completou.
Também ontem, Bolsonaro enviou um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes, do STF. A solicitação, repudiada pela corte e por dez ex-ministros, incluindo o próprio Raul Jungmnan, veio após o ministro combater as ameaças à democracia difundidas pelo cantor e ex-deputado Sérgio Reis.