– “É possível mudar o Brasil. A imensa maioria dos brasileiros sabe que o principal problema do Brasil é a desigualdade social, que vem da concentração de renda”, diz José Dirceu, advogado, militante do PT, como ele se identificou no card do programa Sua Excelência, O Fato, que foi ao ar ao vivo na TV 247 na última 3ª feira, 25 de fevereiro, às 10h e tem link para a íntegra no final deste texto. E segue, na altura dos 20min da entrevista, revelando quão afiada está a percepção que tem do País e da conjuntura: “Tem que taxar os ricos. E o problema se agrava quando fechamos o foco nas mulheres e na maioria de negras e negros. Vem aí também uma geração 1995/2005 que vai começar a votar. A minha filha, que nasceu em 2010, vai votar em 2026. Essa geração não aceita esse establishment político. Não aceita essa situação social do Brasil. Ela já começou a se manifestar na eleição de 2020. Haverá uma mudança no Brasil. A elite brasileira não vai poder dormir em paz. Se ele está achando que o problema é o Lula, o PT, ela está completamente enganada. O problema do Brasil é o Brasil.”
Para Dirceu, que foi ministro da Casa Civil de Lula, foi deputado federal e presidiu o Partido dos Trabalhadores, “é estultice querer dizer que é normal ter um País onde 1% da população fica com ? da renda e 50% da população com apenas 10% a renda nacional”. Segundo ele, “não há nenhum País com a potência que o Brasil é”. E alerta: “O que eles (as elites) estão fazendo com o Brasil, historicamente falando aqui, é inacreditável. Em dois governos você põe a Educação brasileira com ensino integral – toda ela – e põe a nossa Educação no Século 21. Ela está no Século 20 ainda. Sem uma revolução científica, educacional, tecnológica, nós não vamos a lugar nenhum”.
José Dirceu chama atenção para a total falta de compromisso da elite nacional para com o futuro do Brasil. “Eu não vejo nas elites brasileiras nenhum sentido nacional, nenhum sentido de projeto de País. Estão mudando para Miami. Estão gastando o que ganharam no rentismo, em Miami. Eu pergunto: onde estão os líderes políticos e os líderes empresariais brasileiros que vão pensar o Brasil? Mesmo que seja num pacto, com concessões nossas e deles… agora, se nós não avançarmos, com essas reformas básicas, se eles persistirem nesse modelo, o País vai explodir. É uma ilusão deles. Vai cair na cabeça deles”.
“O que nós precisamos é fazer campanha eleitoral e ganhar a maioria na Câmara e no Senado. Sem isso, não se vai a lugar nenhum”, explicita o ex-ministro e ex-presidente do PT, para quem as negociações e alianças que o ex-presidente Lula vem construindo estão corretas. “Nós estamos perdendo muito tempo com a discussão do vice do Lula. Perdendo muito tempo com essa discussão. Se nós queremos mudar o Brasil, todos aqueles que são militantes, ou que têm consciência política, cidadãs, cidadãos, têm que convencer a maioria da população a votar em deputados e senadores de nosso campo”.