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Bastidores do golpe bolsonarista contra a democracia brasileira

Para Flávio Dino, ministro da justiça do governo Lula, A minuta de decreto encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, prevendo a decretação de Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral para mudar o resultado da eleição, é

Bastidores do golpe bolsonarista contra a democracia brasileira

A jogada pensada pelos golpistas era a seguinte: a Secretaria de Segurança do DF fazia vista grossa e deixava a boiada passar, como foi feito e muito bem documentado pelos meios de comunicação.

*Por Ademir Ramos – Depois da proclamara do resultado das eleições 2o22 pelo Trbjnal Superior Eleitoral,  reconhecendo a vitória do senhor Luís Inácio Lula da Silva (PT para a Presidência da República do Brasil,  o então presidente Bolsonaro (PL) silenciou-se e possivelmente começou a tramar o golpe com seus pares civis e militares, é a hipótese que domina as investigações e análises em curso.

Suspeita-se, portanto, que a incubadora do Ato seja o ministério da Justiça de Bolsonaro, sob a ordem do ministro Anderson Torres, do governo derrotado.

Para Flávio Dino, ministro da justiça do governo Lula, A minuta de decreto encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, prevendo a decretação de Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral para mudar o resultado da eleição, é a primeira prova de que o governo Bolsonaro (PL) cogitou dar um golpe.

O ministro Dino garante que “é um elo da corrente golpista”. Ademais, segundo o ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias: “é gravíssimo e é a materialidade que mostra o real objetivo dos eventos do dia 8 de janeiro”.

A trama do golpe

O ex-ministro da justiça Anderson Torres sai do palácio do planalto e volta para Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) do governo Ibaneis Rocha (MDB) para comandar o golpe a partir do dia 2 de janeiro, quando foi nomeado.

O ato mereceu protesto do ministro da justiça, Flávio Dino, quando no sábado (7) declarou que a nomeação de Anderson Torres como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal foi um “erro político” cometido pelo governador Ibaneis Rocha, visto que os antecedentes do ex-ministro do Bolsonaro são “muito ruins”.

Vejamos, um deles foi a não intervenção nos bloqueios nas estradas, quando este era ministro da Justiça. Flávio Dino citou também a abertura de investigação, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), dos institutos de pesquisa durante a campanha eleitoral e a “instrumentalização” da Polícia Federal.

Anderson Torres assumiu a Secretaria de Segurança do DF, a quem compete legalmente a defesa dos Poderes Constituintes da Praça dos Três Poderes. De imediato, removeu alguns agentes chaves e designou outros para assumirem determinadas funções de confiança dele e não esquentou cadeira resolveu viajar de férias na sexta-feira (6) às vésperas da tentativa do golpe movida pelas forças terroristas que assolou a capital federal com quebra-quebra do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

Quem deu pra trás

O mapa do golpe do Bolsonaro estava feito. Mas, alguém deu pra traz. Quem foi? – na linha de investigação encontram-se o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador Ibaneis Rocha e Anderson Torres que foi preso no sábado (14), quando voltava das férias em Orlando, nos Estados Unidos, onde também se encontra o ex-presidente Bolsonaro, desde o dia 30 de janeiro.

A jogada pensada pelos golpistas era a seguinte: a Secretaria de Segurança do DF fazia vista grossa e deixava a boiada passar, como foi feito e muito bem documentado pelos meios de comunicação.

A ordem era espalhar o terror para justificar a legalidade da decretação da GLO – Garantia da Lei e da Ordem – amparada pela Constituição, em seu artigo 142, pela Lei Complementar 97, de 1999, e pelo Decreto 3897, de 2001. Se assim fosse o governo Lula estaria repassando todo poder de Estado, provisoriamente, aos militares até o restabelecimento da ordem pública e desta feita o golpe possivelmente teria sido consumado.

O ministro Flávio Dino “cantou a pedra” e de pronto recorreu às forças do Supremo Tribunal Federal e juntos abortaram a trama golpista. Resta agora apurar os fatos nos termos da lei e responsabilizar criminalmente seus mentores intelectuais e seus “pau-mandados” resgatando a ordem democrática numa perspectiva social e responsável promovendo o bem-comum e felicidade pública dos brasileiros.
E eu saio a cantarolar: é pau, é pedra, é o fim do caminho….

(*) É professor, antropólogo, coordenador do Núcleo de Cultura Política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. Email: ademiramos@hotmail.com