Todo ano, milhares de fiéis fazem romaria até o Santuário Nacional de Aparecida, saindo de diversas regiões do Brasil, para celebrar a Festa da Padroeira no dia 12 de outubro.
Para ajudar os devotos a caminho do maior templo católico do país, voluntários montam tendas de apoio ao longo da rodovia Presidente Dutra. Os pontos montados às margens da estrada oferecem água, alimentação, atendimento médico, massagem, banheiro e espaço para banho, além de um providencial descanso.
Em 2024, mais de 110 abrigos oficiais ofereceram atendimento na via.
Um desses pontos de apoio se chama São Peregrino e fica no km 147 (sentido Rio de Janeiro), em São José dos Campos. No sábado, os romeiros foram surpreendidos, ali, por uma beata que fazia uma peroração inicialmente inspiradora, citando os milagres de Nossa Senhora de Lourdes, intercessora dos doentes.
A porca torceu o rabo no final do discurso. Segundo a senhora de aproximadamente 50 anos, muito “simpática”, o inferno do mundo era um só: “o comunismo”.
Repetiu essa conversa fiada algumas vezes antes de encerrar, para espanto de alguns dos presentes. “Entrem no YouTube para ver”, afirmava ela, insistentemente.
Dois deles foram perguntar ao frei responsável pela organização do ponto de apoio por que a mulher praticou essa maldade, enfiando uma preleção de extrema-direita de maneira desonesta para quem procurava paz e conforto.
Sua resposta: ela tinha “liberdade de expressão” — no caso, para mentir e influenciar de maneira criminosa gente simples e cansada, a caminho de um encontro com o divino.
Em 2022, a passagem de Jair Bolsonaro pela Basílica no 12 de outubro se transformou em agenda de campanha. Apoiadores do presidente hostilizaram a imprensa. Já o arcebispo Dom Orlando Brandes deixou um recado crítico para o então presidente, sem citá-lo nominalmente. Outro padre disse em púlpito que “não era dia de pedir votos”.