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Bolsonaro admite ‘coisa errada’ e afogamento na ditadura, mas não cita mortes

A Comissão Nacional da Verdade, cujos trabalhos foram concluídos em 2014 para apurar violações de direitos humanos no Brasil no regime militar, apurou o cenário de mortes e tortura durante a ditadura.

Bolsonaro admite 'coisa errada' e afogamento na ditadura, mas não cita mortes

Bolsonaro também disse que discutia com anistiados quando estava nas comissões da Câmara dos Deputados e questionou, sem qualquer evidência, que eles tenham sido torturados pelo regime.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu que houve “coisa errada” na ditadura, citando “cascudo, tapa ou afogamento”, durante entrevista ao canal de YouTube Cara a Tapa neste sábado (13).

Apesar da fala admitindo práticas relacionadas a tortura, o presidente não falou sobre as pessoas que foram mortas pelo regime militar.

A Comissão Nacional da Verdade, cujos trabalhos foram concluídos em 2014 para apurar violações de direitos humanos no Brasil no regime militar, apurou o cenário de mortes e tortura durante a ditadura.

Em seu relatório final, a comissão apresentou detalhes sobre prisões, tortura e assassinatos. Foram identificadas 434 mortes e desaparecimentos de vítimas do regime militar.

Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos. Os relatos de pessoas que sobreviveram às torturas incluem presos que foram pendurados em paus de arara, choques elétricos, estrangulamento, afogamento, socos e pontapés.

“Teve coisa errada? Ninguém vai negar que não teve. Levou cascudo, tapa ou afogamento”, disse Bolsonaro neste sábado (13). “Ninguém vai negar que teve isso, agora ninguém pode negar que pro lado de cá, nós sofremos também”.

Neste momento, Bolsonaro fez falas referentes a Carlos Lamarca (1937-1971), guerrilheiro que liderava a luta armada contra a ditadura militar.

O mandatário participou de uma transmissão ao vivo no canal do YouTube comandado por Rica Perrone, que estava vestindo uma camiseta do Brasil e não fez perguntas incômodas ao presidente.

No programa, Bolsonaro também disse que discutia com anistiados quando estava nas comissões da Câmara dos Deputados e questionou, sem qualquer evidência, que eles tenham sido torturados pelo regime. O presidente afirmou que eles tinham a pele ” mais lisa que a branca de neve”.

“Cheguei numa época que tinha acabado o período militar e em 91 tinha um montão de anistiado lá dentro”, afirmou. “Apareceu os torturados com a pele mais lisa que a branca de neve. Uns ‘ah me quebraram os ossos todos’, tira raio-x do cara e vê se tem algum calo óssio.”

Matéria completa na  Folha (uol.com.br)