O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trocaram farpas nos últimos dias, após Weintraub chamar o ex-chefe do Executivo de “cafetão” por estar recebendo dinheiro por transferências via Pix de apoiadores. Bolsonaro desdenhou da declaração do ex-aliado, afirmando, em entrevista, que ele “não merece destaque”. Nas redes sociais, Weintraub rebateu e sugeriu um duelo entre os dois: “Pode escolher local e hora”.
Weintraub comparou a postura de Bolsonaro a de um “cafetão” em uma publicação no domingo, 25, depois de aliados políticos do ex-presidente divulgarem uma vaquinha de arrecadação de fundos para pagar multas de processos. “Vamos lá, tchutchucas do centrão! O CAFETÃO precisa do seu Pix! Liberem todo esse patriotismo de vocês…”, escreveu o ex-ministro no Twitter.
Na segunda, 26, em uma coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Bolsonaro disse que Weintraub “não possui cargo público que mereça destaque” na imprensa. Afirmou ainda que o ex-ministro segue uma “linha bastante agressiva de agir” e sugeriu que as críticas são motivadas pelo fato de ele não ter sido o seu candidato nas eleições ao governo de São Paulo, em 2022.
“Eu não vou falar em ingratidão aqui. Então, ajudamos ele a se estabelecer, e depois ele veio para cá (para o Brasil), achando que ele seria recebido nos braços do povo como candidato a governador. Ele tem a sua linha bastante agressiva de agir. Eu nunca ataquei ele. Eu lamento a palavra cafetão”, disse Bolsonaro.
Em resposta, Weintraub convidou o ex-presidente para um confronto presencial. “Você @jairbolsonaro não tem coragem de falar isso na minha cara! Pode escolher local e hora. Trazer os filhos juntos e até aquela Michelle que você conheceu com o Valdemar (presidente do Partido Liberal) e se faz de santa. Desmascaro todos vocês”, disse o ex-ministro no Twitter.
Ainda na segunda, Weintraub fez outra postagem com ataques ao ex-presidente nas redes sociais. O ex-ministro disse que o “cafetão” era “covarde, ladrão, mentiroso e frouxo” e que “sempre se esconde, como um rato, atrás dos outros”.
Desavenças antigas
Weintraub deixou o comando do Ministério da Educação (MEC), em junho de 2020, após acumular crises nos 14 meses em que esteve à frente da pasta e após a divulgação de vídeo de reunião ministerial na qual ele defendeu a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), os quais chamou de “vagabundos”.
Após ser exonerado do MEC, foi para os Estados Unidos, assumiu o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial em julho de 2020, e passou a receber, na época, um salário de US$ 21,5 mil mensais.
O ex-ministro anunciou a sua pré-candidatura ao governo de São Paulo em abril de 2022. Os conflitos entre Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub se intensificaram nesse período, quando ele renunciou ao cargo no Banco Mundial para focar na campanha.
Weintraub desistiu de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes no fim de julho. O candidato apoiado pelo ex-presidente foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi eleito. O ex-chefe do MEC disputou uma cadeira na Câmara, mas não obteve sucesso, com 4.057 votos.
Ao se demitir e não ter tido a sua candidatura ao governo da capital paulista abraçada, Weintraub começou a denunciar o ex-presidente publicamente. Em agosto de 2022, ele disse que virou alvo de ofensas e ameaças de pessoas próximas a Bolsonaro e que recebeu ordens diretas do ex-chefe do Executivo para dar o controle do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Centrão.