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Divulgação de vídeo da Marinha atacando civis gerou uma onda de críticas nas redes sociais

As críticas apontam para a insinuação de que somente os militares trabalham, ignorando a realidade de outras profissões igualmente exigentes e mal remuneradas, como garis, agricultores e operários. “Para a Marinha, não existe classe trabalhadora. Os civis são um bando

Divulgação de vídeo da Marinha atacando civis gerou uma onda de críticas nas redes sociais

“O vídeo parece ser mais do que uma peça de recrutamento: é uma provocação política. Uma força que flerta com a subversão da Constituição deveria agir com mais humildade“, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto, do UOL.

A divulgação de um vídeo institucional pela Marinha do Brasil no último domingo (1º) gerou uma onda de críticas nas redes sociais. A peça, com duração de 1 minuto e 16 segundos, contrapõe cenas de militares em treinamento árduo e missões a momentos de lazer de civis, acompanhada da provocação: “Privilégios? Vem para a Marinha.” A mensagem veio à tona poucos dias após o anúncio do pacote de ajuste fiscal do governo Lula, que incluiu mudanças nos benefícios previdenciários das Forças Armadas.

As críticas apontam para a insinuação de que somente os militares trabalham, ignorando a realidade de outras profissões igualmente exigentes e mal remuneradas, como garis, agricultores e operários. “Para a Marinha, não existe classe trabalhadora. Os civis são um bando de turistas no Brasil, enquanto eles fazem tudo”, escreveu o professor universitário Piero Leirner, no X.

Já João Amoêdo, fundador do partido Novo, disse que a Marinha deveria apagar o vídeo e pedir desculpas o quanto antes aos “brasileiros que trabalham muito para pagar todas as contas públicas, inclusive a realização desse vídeo.”

“Esse vídeo da Marinha para pressionar o governo contra cortes de privilégios e valorizar a instituição tem para mim o efeito contrário. Deveriam exclui-lo o quanto antes e pedir desculpas aos brasileiros que trabalham muito para pagar todas as contas públicas, inclusive da realização desse vídeo”, afirmou Amoêdo

 

O pacote do governo Lula prevê mudanças como o estabelecimento de uma idade mínima de 55 anos para a aposentadoria de militares, o fim da chamada “morte ficta” — que permite pensão para famílias de militares expulsos — e a implementação de uma contribuição fixa para o Fundo de Saúde. As alterações, segundo a equipe econômica, podem gerar economia de R$ 1 bilhão por ano, promovendo maior equilíbrio fiscal e justiça social.

Anistia

O vídeo também reacendeu o debate sobre o comportamento das Forças Armadas diante das reformas e sua relação com a democracia. Após o indiciamento de 25 militares pela Polícia Federal (PF), acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe em 2022, a postura da Marinha, em especial, tem sido alvo de questionamentos. Enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica rejeitaram apoiar o plano golpista na época, a Marinha teria mantido tanques “prontos para ação”, conforme relatório da PF.

“O vídeo parece ser mais do que uma peça de recrutamento: é uma provocação política. Uma força que flerta com a subversão da Constituição deveria agir com mais humildade“, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto, do UOL.

A exibição do material ocorre em um momento em que lideranças militares buscam anistia para integrantes das Forças Armadas indiciados pelos atos de 2022. O tema da anistia já vinha ganhando espaço nos bastidores políticos, mas a divulgação do vídeo trouxe novamente à tona a necessidade de revisões legislativas que garantam que militares permaneçam distantes da política.

Críticos afirmam que é hora de acabar com privilégios, punir golpistas e reforçar o papel constitucional das Forças Armadas, que deveria ser proteger a nação, e não defender benefícios corporativos ou sustentar ideais antidemocráticos.

Veja a repercussão