Ivo Herzog, engenheiro e filho do jornalista Vladimir Herzog, criticou duramente a manifestação de interesse da Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog em aderir ao modelo cívico-militar proposto pelo estado de São Paulo. O governo de Tarcísio de Freitas pretende implementar este modelo em 45 escolas no próximo ano, contrariando a orientação do Ministério da Educação.
“Lugar de militar é nos quartéis, não nas escolas. A família Herzog protesta fortemente em relação ao projeto de tornar a Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog, uma escola civil-militar. Caso o projeto caminhe, iremos tomar as medidas cabíveis para que o nome do meu pai não se associe a esta atrocidade”, declarou Ivo Herzog à coluna.
A diretoria da escola manifestou interesse na educação militarizada na quinta-feira, 18 de julho. Contudo, a decisão final dependerá de consultas públicas a serem realizadas no próximo mês, com o anúncio definitivo programado para 30 de agosto.
Vladimir Herzog foi um jornalista da TV Cultura preso, torturado e morto pela ditadura militar em 1975. Na época, Herzog se apresentou voluntariamente ao Destacamento de Operações e Informações-Centro de Operações e Defesa Interna (DOI-Codi) após ser intimado a prestar esclarecimentos.
O Exército alegou que Herzog cometeu suicídio, divulgando uma foto do jornalista supostamente enforcado. No entanto, em 1978, a Justiça reconheceu que a União foi responsável pela prisão, tortura e assassinato de Herzog.
Em 2013, a Comissão da Verdade retificou o atestado de óbito de Vladimir Herzog para “lesões e maus-tratos sofridos em dependência do Exército”. Em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro pelo homicídio, classificando-o como crime contra a humanidade.