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Fome e desalento na fila do osso impactam eleições 2022

Os marqueteiros estão trabalhando sistematicamente na tentativa de transformar em voto todo este investimento feito nos governos Bolsonaristas, quando não, partem também para definhar as instituições democráticas desqualificando seus atores principais, em particular, o Tribunal Superior Eleitoral na tentativa desacreditar

Fome e desalento na fila do osso impactam eleições 2022

"A fome gritante que bate à porta dos brasileiros, em particular dos Amazonenses, tem sido mórbida, acelerando mais ainda a desigualdade social, a violência, a discriminação e o preconceito", Ademir Ramos.

*Por Admir Ramos – Bolsonaristas apostam em fisgar o povo pela boca, transformando o Auxilio Brasil no voto de cabresto. No Amazonas não é diferente.

Quem vai às feiras e supermercados tem se deparado com depoimentos de pessoas falando de suas dificuldades para combater a fome, o abandono social e o desalento. A fila do osso, da pele, do pé de galinha e dos miúdos de peixe e carne tem sido recorrente.

A fome gritante que bate à porta dos brasileiros, em particular dos Amazonenses, tem sido mórbida, acelerando mais ainda a desigualdade social, a violência, a discriminação e o preconceito.

Indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em consonância com os padrões do Banco Mundial, dão conta que mais de 13,5 milhões de pessoas encontram-se em situação de extrema pobreza, em outras palavras, foram empurradas para miséria, totalizando 25% da população nacional.

Na Zona Franca de Manaus (ZFM) o contraste social pode ser ainda muito mais perverso se dermos atenção aos dados da Suframa quanto à isenção fiscal de quase 60 bilhões por ano para 450 empresas, que faturaram R$ 158,6 bilhões em 2021, gerando 105 mil empregos no ano passado, além de 500 mil empregos indiretos.

A produção e acumulação da riqueza nas mãos dos oligarcas da ZFM é socialmente escandalosa, capaz de empurrar para a pobreza mais de 44,5% da população do Amazonas, sendo um dos piores indicadores sociais do Norte do Brasil.

Os indicadores são balizas estatísticas para evidenciar o festival da miséria que assola a brava gente brasileira. O fato é que ao sair de casa o cidad@o astuto passa a testemunhar o fato social em questão.

O infantilismo político de esquerda começa a pensar que com este quadro desolador a queda do Bolsonaro é irreversível. O Bolsonarismo, por sua vez, mediado pelo Centrão pretende transformar “o limão em limonada”.

Para isso, o Plenário do Senado aprovou na quinta-feira (30) a proposta de emenda à Constituição (PEC) que instituiu o estado de emergência até o final deste ano eleitoral.

A PEC prevê R$ 41,25 bilhões até o fim do ano para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás de cozinha; para a criação de auxílios aos caminhoneiros e taxistas; para financiar a gratuidade de transporte coletivo para idosos; para compensar os estados que concederem créditos tributários para o etanol; e para reforçar o programa Alimenta Brasil.

No Amazonas não tem sido diferente é só abrir o Rádio e ligar a TV que a propaganda agride a tod@s focada no Auxílio Estadual para atender 19,8 mil novas famílias. Considerando que as ações de governo já atenderam mais de 300 mil por todo o Estado.

Os marqueteiros estão trabalhando sistematicamente na tentativa de transformar em voto todo este investimento feito nos governos Bolsonaristas, quando não, partem também para definhar as instituições democráticas desqualificando seus atores principais, em particular, o Tribunal Superior Eleitoral na tentativa desacreditar o resultado das eleições oriundas das urnas eletrônicas.

Por enquanto o povo ainda não entrou em campo e todo este arranjo instituído podem valorizar ainda mais o voto, reconhecendo de fato e de direito que o mando de jogo é do povo, que é o verdadeiro dono da bola, cuspindo fora os intrusos, oportunistas e corruptos.

*Ademir Ramos é Professor, antropólogo e coordenador da Núcleo de Cultura Política do Depto. De Ciências Sociais da UFAM.