Inquérito da Polícia Federal (PF) aponta que membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e os generais Luiz Eduardo Ramos (ministro da Secretaria Geral da Presidência da República) e Augusto Heleno (ministro do Gabinete de Segurança Institucional — GSI) participaram, desde 2019, de ofensivas para buscar informações contra as urnas eletrônicas.
A investigação teve início após o presidente Jair Bolsonaro (PL) realizar, em julho de 2021, uma live em que compartilhou informações falsas e fez uma série de ataques ao sistema eleitoral. Relatada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a apuração corre dentro do inquérito das milícias digitais.
Uma das informações divulgadas por Bolsonaro durante a transmissão ao vivo foi a de que houve suspeita de fraude na eleição de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) foi eleita. O presidente utilizou como prova uma planilha elaborada pelo técnico Marcelo Abrileri.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Abrileri relatou à Polícia Federal que foi procurado em 2019 pelo general Luiz Eduardo Ramos para se reunir com Bolsonaro e discutir “indícios de fraudes” nas urnas eletrônicas. O encontro teria sido no Palácio do Planalto.
De acordo com Abrileri, outras oito pessoas participaram da reunião, que teve uma hora de duração. À PF, o técnico afirmou que mostrou a Bolsonaro os indícios de possíveis fraudes nas eleições de 2014, e que outros participantes do encontro também mostraram supostas informações sobre falhas nas urnas.
No entanto, o técnico disse não recordar quais seriam os dados apresentados. Ainda de acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Abrileri disse à polícia que foi novamente procurado pelo general Ramos entre junho e julho de 2021. Em ligação colocada em auto falante, o técnico conversou com o general e com o presidente Bolsonaro.
“Durante essa conversa foi avisado que estavam reunindo várias informações sobre possível fraude nas urnas eletrônicas. O general Ramos pediu para o declarante falar um pouco sobre as informações que descobriu”, disse Abrileri à Polícia Federal.