O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou em sua delação premiada que o general Estevam Theophilo se reuniu com o então presidente e se colocou à disposição da trama golpista. Na época, Theophilo estava no Alto Comando do Exército.
As informações constam do relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo a PF, o encontro ocorreu no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro de 2022, dois dias após Bolsonaro tentar obter o apoio do então comandante do Exército, general Freire Gomes, para o plano golpista.
A reunião foi intermediada por Cid, que, na tarde do dia 9, fez três ligações para o coronel Cleverson Ney Magalhães, assistente direto do general. O tenente-coronel também avisou Freire Gomes sobre o encontro.
Em um áudio, Cid disse que Bolsonaro “enxugou o decreto” que revertia o resultado da eleição. “E o que ele comentou de falar com o general Theophilo? Na verdade, ele quer conversar. Ele gosta, ele gosta de bater papo, né? […]. É uma maneira que ele tem de, de desopilar ou de, de… tocar pra frente”, afirmou.
Não há registro de resposta de Freire Gomes às mensagens de Cid. Em depoimento à PF, o general afirmou que ficou desconfortável com a convocação de Theophilo, pois já sabia das intenções golpistas de Bolsonaro.
“Que não tinha ciência do motivo da convocação do General Theophilo pelo então presidente da República Jair Bolsonaro; que ficou desconfortável com o episódio, por desconhecer o teor da convocação e considerando o conteúdo apresentado nas reuniões anteriores.”
O encontro durou menos de uma hora. O general chegou ao Alvorada às 18h25 e saiu às 19h18.
Apesar de não ter participado do encontro, Cid confirmou à PF que Bolsonaro apresentou uma minuta de decreto golpista durante a conversa.
“No final da reunião, foi repassado ao colaborador que o general Theophilo disse que se o presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto, as Forças Armadas iriam cumprir”, diz trecho da delação de Cid.