O padre Júlio Lancelotti, reconhecido por ajudar moradores em situação de rua no centro de São Paulo, recebeu uma ameaça neste domingo (27). Ao chegar na igreja para celebrar uma missa, ele encontrou um bilhete com o recado com diversos erros de escrita: “seu dia de reinado vai acabar”.
Na “carta”, o autor das ameaças ainda diz que o padre seria um “defensor dos direitos dos bandidos, petista vagabundo” e que ele usaria “o povo para se favorecer”, além de abrir o recado com “padreco de merda”.
Lancelotti, que geralmente usa as redes sociais para denunciar casos de aporofobia (rejeição aos pobres), divulgou a ameaça em seu perfil no Instagram e no Twitter, informando que o recado foi dado enquanto a igreja ainda estava fechada.
Por sua dedicação aos pobres, o religioso virou alvo recorrente de ataques bolsonaristas. Em 2020, durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, o deputado federal cassado, Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, impulsionou fake news dizendo que o religioso seria um “cafetão da miséria”. A mentira foi disseminada por militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de liberais que ganhou notoriedade pedindo o Impeachment da ex-presidenta Dilma Roussef, em 2016.
No início de 2022, o religioso denunciou outra abordagem ameaçadora, mas que daquela vez recebeu no Instagram. Uma bolsonarista enviou a seguinte mensagem para o padre: “Seu merda do caralho!! Faz dinheiro com a miséria alheia!! Eu pago imposto seu merda, quem você pensa que é para colocar mendigo embaixo da ponte… ser assaltada!! Seu merda, coloca na nojenta da sua igreja!!”.
Outro bolsonarista que ofendia o Padre Júlio Lancelotti com frequência é o Luciano Hang, o “véio da Havan”. Em agosto de 2022 ele foi condenado a pagar R$ 8 mil ao religioso por tê-lo chamado de bandido em um grupo de WhatsApp com outros empresários que defendiam o golpe de estado para manter Jair Bolsonaro (PL) na presidência.
Em outro momento, ao responder uma crítica do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), Hang disse que o padre é “um militante de esquerda que deveria se preocupar em acabar com a miséria no Brasil”, mas que, segundo o bolsonarista, “faz o contrário e apoia gente que quer ver o Brasil” virando uma “Cuba, Argentina ou Venezuela.