Após saber que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi agraciado com a mesma honraria, o sertanista Sydney Possuelo, 81 anos, devolveu a Medalha do Mérito Indigenista que recebeu há 35 anos.
A medalha foi concedida a Bolsonaro pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública na quarta-feira (16/3). Segundo a pasta, o reconhecimento foi oferecido “pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas”.
A homenagem gerou intensa controvérsia. O presidente é defensor de agendas que são consideradas por especialistas da área como contrárias ao bem-estar das comunidades indígenas, entre elas a mineração em terras demarcadas. Na semana passada, ele afirmou que os indígenas “praticamente já são quase como nós”.
Em carta, Possuelo afirmou que a concessão do mérito ao presidente “é um flagrante, descomunal” e uma “ostensiva contradição” em relação ao trabalho que ele mesmo realizou e motivou a sua premiação. Presidente da Funai entre 1991 a 1993, liderou expedições e entrou em contato com tribos antes isoladas no Brasil, com o objetivo de protegê-las. Com isto, teve seu trabalho reconhecido no país e no exterior.
Segundo Sydney Possuelo, a honraria “perdeu toda a razão pela qual, em 1972, foi criada”.