Por Ademir Ramos (*) – Toda forma de governo tem lei e rito. Na democracia não é diferente, quando as partes não chegam ao consenso sobre uma determinada contenda então recorre-se a um terceiro ou ao voto para resolver o conflito e sanear os danos.
As eleições foram consumadas e a justiça eleitoral proclamou como eleito Luiz Inácio Lula da Silva para presidir o Brasil nos próximos quatro anos.
Não satisfeita, uma minoria possuída por interesses contrários a ordem constitucional resolve contestar a legitimidade das urnas acampando nos portões dos quartéis a começar por Manaus, onde as “viúv@s” bolsonaristas vão chorar suas pitangas com faixas, bandeiras, reza e muita churrascada na espera de que os militares saiam as ruas e promovam um golpe militar ou “intervenção federal”, afrontando a vontade da Nação e até mesmo, segundo o oligarca da Igreja Universal, bispo Macedo, “a vontade de Deus”.
Trata-se de um ato antidemocrático, orquestrado, a pipocar por todo o Brasil na tentativa de deslegitimar as eleições, desqualificar o Supremo Tribunal Federal e promover caça às bruxas, ameaçando e intimidando os ministros do poder judiciário sob o “anonimato”, afrontando desta feita, o preceito constitucional.
O que nos causa espécie é a inercia dos comandantes das unidades militares que ignoram estas manifestações em seus portões, bem como também a parcimônia do Ministério Público Federal em não operar em tempo hábil em favor da ordem e do mandamento democrático sob o imperativo da justiça fazendo valer o resultado das eleições e salvaguardando a ordem pública.
Formalmente, o presidente Bolsonaro, embora não tenha cumprimentado o vencedor do pleito, reconheceu a sua derrota e se posicionou contrário a estas manifestações por todo o Brasil no portão dos quartéis e nas estradas federais.
Resta-nos tão-somente concluir que “as Viú@vas bolsonaristas” foram jogadas ao mar para os pastores tubarões. Bolsonaro, por sua vez, está numa boa, visto que já negociou com a direção do Partido Liberal salário mensal, moradia na Asa Sul de Brasília e uma banca de advogados para se livrar da cadeia. Pois é, enquanto os devotos rezam e choram, o Mito fatura com a venda dos lenços amealhando os recursos para seu futuro político.
(*) É professor, antropólogo e indigenistas, coordenador do NCPAM – Ciências Sociais da UFAM