Líder da greve dos caminhoneiros em 2018, Wallace Landim, conhecido como “Chorão”, é um dos principais entusiastas da paralisação prevista para o dia 1º de novembro. Em conversa com o Metrópoles, ele declarou que a situação está pior do que no governo Michel Temer e que a proposta de fixação do ICMS nada mais é do que “transferência de responsabilidade”.
Diante do aumento no valor dos combustíveis nas refinarias, Landim, que é o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de ser “negacionista” em relação às demandas dos caminhoneiros.
“Fazemos reivindicações da categoria há três anos, e o governo não fez nada. A categoria está no limite”, disse à reportagem neste domingo (17/10).
Segundo Chorão, o objetivo da greve é “lutar pela nossa sobrevivência, porque temos a informação de que a gasolina ia subir mais 8% até dezembro. Eles [o governo] não estão preocupados com o trabalhador, são negacionistas”.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou projeto que muda o cálculo da tributação, na tentativa de reduzir os custos da gasolina e do diesel. A proposta, que agora corre no Senado, determina que o ICMS cobrado em cada estado será calculado com base no preço médio dos combustíveis nos dois anos anteriores.
Atualmente, esse imposto aplicado nos combustíveis tem como referência o preço médio da gasolina, do diesel e do etanol nos 15 dias anteriores em cada estado. Isso significa que, a cada 15 dias, a base de cálculo muda, o que leva à oscilação no preço.
Para Chorão, contudo, a solução é ineficaz. “A proposta que está sendo feita pelo governo é nada mais do que transferência de responsabilidade para os governadores. Não vai adiantar a longo prazo”, declarou.
Em 2018, quando os caminhoneiros fizeram a primeira grande greve no Brasil, hospitais registraram falta de insumos, o que prejudicou cirurgias e procedimentos.
Agora, em meio à pandemia da Covid-19, Chorão afirmou que caminhões que carregam insumos hospitalares poderão furar a paralisação.
“Em 2018, as mercadorias essenciais, como insumos de hospitais, foram liberadas para andar, agora isso também acontecerá. Ainda mais em um momento de pandemia”, ponderou Landim.