
Almirante se contradiz ao dizer que passou comando da Marinha no fim de 2022
Em depoimento ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o almirante Almir Garnier disse que passou o comando formalmente em dezembro de 2022. Contudo, ele não participou da posse do sucessor, o almirante Marcos Sampaio Oslen, que aconteceu em janeiro de 2023.
Garnier disse que passou o comandou no dia 31 de dezembro de 2022, mas Moraes rebateu lembrando que pela primeira vez na história um comandante não participou da transmissão de cargo. Ministro perguntou porque o almirante não compareceu à formalidade. “Nunca ninguém havia perguntado o porquê disso”, afirmou. “Houve ali naquele momento uma combinação nossa de que as três Forças passariam o comando antes que se encerrasse o mandato do presidente Jair Bolsonaro.”
Em combinação, Garnier disse que escolheu a data do dia 28 de dezembro para a passagem. À época, autoridades presentes do evento afirmaram que a postura de Garnier foi equivocada. O novo comandante, no entanto, convocou na ocasião uma reunião com os demais integrantes do alto escalão nas Forças para que o episódio fosse “superado”.
Garnier disse que não foi à cerimônia em respeito ao acordo “apalavrado”. Em depoimento, porém, ele disse que gostaria de ter “se despedido”. “Depois de 52 anos na Marinha, eu queria me despedir. Porém, fiz toda a passagem de comando institucional, como está previsto na Ordenança Geral para o Serviço da Armada, passei todo o serviço ao almirante Olsen e à sua equipe, mas a cerimônia, que é um ato bacana, interessante, mas é simbólico, eu não fui em respeito ao acordo que eu tinha me apalavrado.”
Transmissão de cargo aconteceu dia 5 de janeiro de 2023. Presidida pelo ministro da Defesa, José Múcio, a cerimônia teve a presença de ministros bolsonaristas e lulistas. Garnier enviou uma mensagem protocolar, lida por um assessor no Clube Naval, em Brasília.