O Tribunal de Contas da União quer saber como a empresa estadunidense Alvarez & Marsal lucrou com a Lava Jato, na quebra das construtoras brasileiras, e como remunerou o ex-juiz Sergio Moro, declarado suspeito e parcial pelo Supremo Tribunal Federal. A decisão foi tomada pelo ministro Bruno Dantas, acatando a um pedido do procurador Lucas Furtado.
Com isso, será possível saber se e como o ex-juiz suspeito se tornou multimilionário (apoie aqui o documentário de Joaquim de Carvalho), num período em que o Brasil se tornava mais pobre.
De acordo com o Dieese, as ações tomadas por Moro destruíram nada menos do que 4,4 milhões de empregos no Brasil, mas os processos de recuperação judicial de empresas como Odebrecht e OAS foram assumidos pela Alvarez & Marsal, que depois o contratou, num modelo conhecido como “porta giratória” nos Estados Unidos. Isso significa que agentes públicos são pagos por empresas que favoreceram, depois que deixam suas funções.
“O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou que a empresa Alvarez & Marsal revele quanto pagou ao ex-juiz Sergio Moro depois que ele deixou a empresa, em outubro, para se lançar na política. Dantas acolheu um pedido feito pelo Ministério Público junto ao TCU no começo do mês. E determinou também o levantamento, no Judiciário, de todos os processos de recuperação judicial em que a Alvarez & Marsal atuou no período da Lava Jato”, informa a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna desta terça-feira, na Folha de S. Paulo.
“O ministro solicitou os contratos da Alvarez & Marsal em ordem cronológica, para saber a evolução dos negócios da companhia no Brasil desde a Lava Jato. Ao justificar o pedido de investigação, o subprocurador-geral Lucas Furtado afirmou ser necessário apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos por ‘operações supostamente ilegais’ de integrantes da Lava Jato e de Moro ‘mediante práticas ilegítimas de revolving door’, ou ‘porta giratória’ –quando servidores públicos assumem postos como lobistas ou consultores na área de sua atividade anterior no serviço público”, esclarece ainda a colunista.