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Brasil na marca do pênalti

Quem sabe faz, em não fazendo o destino é o lixo da história

Brasil na marca do pênalti

No Brasil, o realismo político não nos permite imaginar vitória a curto prazo enquanto não se definir uma plataforma de sustentação mínima para enfrentar a precarização das políticas públicas

*Ademir Ramos – A teoria dos jogos oportuniza um conjunto de ferramentas para se analisar e compreender o conflito, a cooperação e a competitividade quanto às ações do governo Bolsonaro, em transição para o governo Lula, como se o presidente recém eleito estivesse na marca do pênalti cara-a-cara com goleiro pronto para marcar o tento da vitória e correr para o abraço da galera.

No Brasil, o realismo político não nos permite imaginar vitória a curto prazo enquanto não se definir uma plataforma de sustentação mínima para enfrentar a precarização das políticas públicas, a perda de competitividade da indústria nacional, a destruição dos recursos naturais, a violação dos direitos fundamentais de nossa gente ferindo a autoestima e dignidade do povo brasileiro.

Para vencer esse jogo contra a belicosa estratégia bolsonarista instituída, o governo Lula tem que se articular com outras frentes para potenciar suas ações centradas em projetos e programas multilaterais que assegurem unidade na ação seguida de instrumento de controle de análise e avaliação enquanto expressão de um planejamento de governo em curso.

O Lula tem que entrar em campo articulado com as forças dos movimentos sociais pronto para vencer, promovendo intenso diálogo com os poderes constitucionais, prefeitos, governadores e lideranças sindicais e empresários pautado por propostas, projetos e programas de desenvolvimento local e nacional.

Lula se o povo lhe garantiu a maioria, a bola é sua, por isso deve com responsabilidade legal e legítima enfrentar a pandemia bolsonarista combatendo a ramificação desta praga em defesa da Democracia e da qualidade de vida dos brasileiros.

Nesta hora, não basta tão-somente a força, é necessário competência e habilidade política sem as amarras ideológica do Partido e das oligarquias oportunistas focado no gol de placa a ser feito com arte e sabedoria para alegria dos brasileiros, o que a seleção do Tite não soube fazer. Pois é, quem sabe faz, em não fazendo o destino é o lixo da história.

(*) É professor, antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM do Departamento de Ciências Sociais da UFAM.