O delegado da Polícia Federal Rodrigo Morais Fernandes, responsável pela investigação da facada levada por Jair Bolsonaro quando o então deputado era candidato à Presidência da República, em 2018, durante a corrida eleitoral, foi transferido pelo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, para um cargo nos EUA. Ele fará parte da força-tarefa El Dorado, que é coordenada pela Homeland Security Investigations (HSI), com sede em Nova York.
Fernandes, que chegou a ser atacado por Bolsonaro por conta da condução dada por ele às investigações sobre episódio, concluiu no inquérito policial que Adélio Bispo teria agido sozinho. Tempos depois, o caso foi reaberto e mais uma vez foi definido que o autor da facada não recebeu ajuda de ninguém para cometer o atentado. O caso, ocorrido em Juiz de Fora na tarde de 6 de setembro de 2018, é cercado de mistério e pontos confusos que nunca foram devidamente esclarecidos.
O próprio presidente, já depois de eleito, e que tem predileção por atribuir tudo que ocorre à esquerda, nunca questionou os resultados das investigações e até abriu mão de recorrer do arquivamento do caso, uma atitude absolutamente contraditória em relação à sua personalidade punitivista e que a todo custo tenta jogar culpa nos adversários políticos.
De acordo com a Folha de S.Paulo, no ambiente de trabalho e entre os policiais federais, a ida de Fernandes não é vista como uma punição, já que o próprio delegado teria se especializado em questões internacionais e estaria querendo uma vaga do tipo. O que causa estranheza é momento em que a transferência ocorre e às vésperas de uma conturbada campanha eleitoral que certamente reacenderá discussões sobre o crime.
O site Brasil 247 produziu um documentário tratando do episódio, que recebeu o título “Bolsonaro e Adélio – uma facada no coração do Brasil”, realizado pelo repórter investigativo Joaquim de Carvalho. Com mais de 1,5 milhão de visualizações, o filme levanta uma série de pontos sem explicações e que jamais foram examinados minuciosamente pelas autoridades.