
Líder indígena diz que conservou pessoalmente com o (então) vice-presidente Hamilton Mourão para tomar as providências mais urgentes e retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, mas não aconteceu nada e não foram tomadas as providências pedidas
O vice-presidente da Associação Hutukara, representante do povo Yanomâmi, Dário Kopenawa, afirmou ter alertado ao ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) sobre a crise vivida pela comunidade com o avanço do garimpo ilegal, mas foi ignorado.
“Eu conversei pessoalmente com o (então) vice-presidente Hamilton Mourão para tomar as providências mais urgentes e retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Mas não aconteceu nada e não foram tomadas as providências que pedi — disse o líder indígena, a jornalistas.
Segundo Kopenawa, a retirada dos garimpeiros da área está entre as prioridades neste momento, embora a saúde dos yanomâmis, que se deteriorou a partir da omissão do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), permaneça no centro das preocupações. Na semana passada, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência de saúde pública no território indígena. Ao menos 100 crianças morreram no último ano, vítimas de desnutrição, pneumonia e diarreia.
Sob sigilo
Por determinação do Ministério da Justiça, a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar os crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais e outros que podem ter ocorrido na Terra Indígena Ianomâmi. A investigação ficará a cargo da Superintendência Regional da PF em Roraima e ocorrerá sob sigilo.
Na terça-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, havia pedido a abertura da apuração à PF para investigar a situação que levou à morte de crianças indígenas ianomâmi.
Dino e integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusam o governo anterior pelo genocídio em curso.