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Gilmar Mendes diz que gestão de Pazuello foi péssima para o Brasil e para a imagem dos militares

"Acho que até a palavra 'logística' se tornou uma maldição. 'Especialista em logística' se tornou um palavrão", afirmou, em referência ao general Pazuello

Gilmar Mendes diz que gestão de Pazuello  foi péssima para o Brasil e para a imagem dos militares

“As cenas de truculência e brutalidade da ação policial em Recife causam imensa preocupação com o despreparo das forças para lidar com manifestações de grande porte, que tendem a se tornar frequentes em 2022. Dois homens que sequer manifestavam perderam um olho. Até quando?”

 O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu entrevista aos jornalistas Bela Megale, Aguirre Talento e Thiago Bronzatto, do Globo, em qualificou como desastrosa a gestão da saúde no Brasil, no governo de Jair Bolsonaro.

“Eu tinha a expectativa de que, eleito presidente, Bolsonaro iria se utilizar dos militares, porque ele é egresso das Forças Armadas. Cada presidente tem uma certa cultura administrativa que prioriza determinadas categorias. Os militares têm um distintivo de organização e de competência em variadas áreas. Não obstante, acho que a questão da Saúde se revelou problemática, e o resultado foi péssimo para o Brasil. Acho difícil alguém dizer que essa gestão tenha sido boa ou positiva, e certamente não foi boa para a própria imagem de eficiência, competência desses segmentos técnicos das Forças Armadas. Acho que até a palavra ‘logística’ se tornou uma maldição. ‘Especialista em logística’ se tornou um palavrão”, afirmou.

Gilmar confirmou ter sido procurado por Fabio Wajngarten, que aparentemente fez lobby pela Pfizer.

“Ele não se limitou a falar sobre a Pfizer. Mais de uma vez ele esteve no meu gabinete. Antes dele já tinham estado aqui o então ministro Pazuello com o ministro José Levi (ex-advogado-geral da União). Foi quando iríamos julgar o caso da vacinação obrigatória. Pazuello tinha falado das dificuldades que havia no contrato com a Pfizer, as exigências da arbitragem ou a exigência de que eles não fossem responsabilizados no Brasil. Depois, Wajngarten fez a mesma ponderação, só que em sentido contrário, dizendo: ‘Todos os países estão assinando esse acordo, por que que nós não estamos?’. Ele se queixou da burocracia. Numa segunda vez ele esteve aqui, mas já não falava da Pfizer, mas sim da Sputnik. Ele pareceu ansioso como cidadão e como integrante do governo. Ficam sempre atribuindo a mim mais influência do que eu propriamente tenho, né?”, afirmou.

Em outro trecho, ele falou sobre uma conversa recente com Jair Bolsonaro, em que este defendeu o voto impresso.

“O presidente já falou comigo sobre isso e disse que tinha certeza de que o Aécio Neves tinha vencido as eleições de 2014 e que ele ganhou no primeiro turno as eleições em 2018. Eu disse: ‘Presidente, eu estava no TSE em 2014 e acompanhei as eleições, e o Aécio perdeu ao se descuidar (do eleitorado) de Minas Gerais’. Ali houve um episódio que foi uma decisão do próprio colegiado do TSE, de retardar a divulgação da apuração por conta do horário do Acre. Isso gerou essa lenda urbana. Se nós olharmos as eleições agora, quem que elegeria, por exemplo, os deputados Daniel Silveira (PSL-RJ) e Hélio Negão (PSL-RJ)? Teve fraude para eleger essa bancada enorme do PSL? Todos nós sabemos da lisura desse processo”, disse ele.