Condenada por unanimidade pelo STF a 10 anos de prisão, a bolsonarista é acusada de ter atuado ao lado do hacker Walter Delgatti Neto para inserir documentos falsos na base de dados do CNJ, incluindo um falso mandado de prisão contra o Moraes.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um novo inquérito na Polícia Federal (PF) para apurar se a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) fugiu para os Estados Unidos com o objetivo de obstruir a investigação sobre a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Condenada por unanimidade pelo STF a 10 anos de prisão, a bolsonarista é acusada de ter atuado ao lado do hacker Walter Delgatti Neto para inserir documentos falsos na base de dados do CNJ, incluindo um falso mandado de prisão contra o Moraes.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) quer apurar se a parlamentar tentou interferir no andamento da ação penal, o que pode configurar crime de obstrução de justiça. O inquérito será conduzido pela Polícia Federal sob supervisão do STF.
Segundo o magistrado, as entrevistas concedidas por Carla Zambelli na terça-feira (3) indicam que sua fuga “se reveste, além da tentativa de impedir a aplicação da lei penal, também, na reiteração das condutas criminosas de atentar contra as Instituições, por meio de desinformação para descredibilizar das instituições democráticas brasileiras e de interferir no andamento de processos judiciais em trâmite nesta Corte”.
- Monitoramento de redes sociais: A PF deve monitorar e preservar postagens feitas por Carla Zambelli ou por pessoas ligadas a ela que tenham relação com o inquérito;
- Depoimento da deputada: Zambelli deverá prestar depoimento à PF no prazo de 10 dias. Como está no exterior, a oitiva poderá ser feita por escrito, com notificação inclusive por e-mail;
- Investigação de movimentações financeiras: O Banco Central foi acionado para informar os valores e remetentes de transferências via PIX recebidas por Zambelli.
A abertura do inquérito ocorre no momento em que Carla Zambelli é considerada foragida pela Justiça. Ela deixou o Brasil por via terrestre no dia 25 de maio, cruzou a fronteira com a Argentina e, de Buenos Aires, seguiu para a Flórida, nos Estados Unidos. Sua assessoria confirmou à TV Globo, na quarta-feira (4), que ela permanece nos EUA.
Na terça-feira, a PGR solicitou ao STF a prisão preventiva da parlamentar e a inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol. Ministros do Supremo entendem que a viagem ao exterior foi uma tentativa clara de fugir das consequências da condenação.
Em 2023, a bolsonarista já havia tido o passaporte apreendido durante as investigações, mas o documento foi devolvido posteriormente, e não havia impedimento formal para que ela deixasse o país.
