Uma conversa informal entre dois bons e íntimos amigos num aplicativo de mensagens, em agosto de 2017, auge da operação Lava Jato:
“[Dallagnol para Moro]: Urgente. Acabei de ver agora no facebook que Vcs são amigos no face. O que mais me preocupa é que isso tem um potencial de um escândalo por causa dessa sunguinha “V” que está usando.
Moro: O Zucoloto é um bom amigo e Tacla mente.
Da sunga, era outra época. Conseguiu isso no Facebook de quem? Meu?
Deltan: do facebook dele, e isso que não sou nem amigo dele no face rs… tá lá aberto… o maior risco é a G Magazine descobrir rs”
Esses são apenas alguns dos trechos da conversa que o Brasil 247 teve acesso e que desnuda um diálogo nada republicano, entre o então juiz da 13.ª vara da Lava Jato, Sergio Moro e o seu fiel “escudeiro”, o procurador da República, Deltan Dallagnol.
Os dois comentam as denúncias feitas pelo advogado de Tacla Duran. A conversa revela que o alinhamento espúrio de condutas e estratégias não acontecia apenas nos autos dos processos, mas também nos discursos e respostas que dariam à imprensa.
A dupla combinava, na troca de mensagens, a resposta que daria à jornalista Mônica Bergamo, sobre a denúncia de Rodrigo Tacla Duran, de que o advogado Carlos Zucolotto atuava na melhoria das condições de acordos junto à Força Tarefa de Curitiba e que havia lhe cobrado valores por essa intermediação.
Carlos Zucolotto era sócio da “conje”, Rosangela Moro, em um escritório de advocacia, além de ser padrinho de casamento do casal Moro. Mas a relação próxima não era apenas com o então “juiz universal” da lavajato. Zucolotto foi também advogado do procurador Carlos Fernando dos Santos, este, coordenador da Lavajato em Curitiba. Ou seja, se tratava de um advogado com amplo e irrestrito acesso à “República de Curitiba” e, segundo Tacla Duran, vendia essas facilidades.
Logo depois das denúncias do Tacla Duran, Zucolotto renunciou ao mandato (procuração) no processo em que era advogado do procurador Carlos Fernando. Esse processo tramitava no STJ, onde o procurador da Lavajato buscava o ressarcimento de diárias.
Essas ligações entre Zucolotto e a Força tarefa de Curitiba são muito fortes. Relações de proximidade, sociedade e compadrio, hoje já conhecidas de todos nós. A tal “república de Curitiba”, que de republicana, nada tinha.